Ao digerirem a erva e o feno, as vacas produzem quantidades significativas de metano, um gás com efeito de estufa. Na tentativa de identificar uma alternativa para a alimentação do gado, as algas marinhas surgiram como um candidato promissor. Mas quanto custará ao consumidor?
“Tem havido um aumento constante da preocupação dos consumidores com a sustentabilidade ambiental e a utilização de algas marinhas para reduzir as potentes emissões de gases com efeito de estufa pode ser uma forma de ir ao encontro das suas preferências relativamente aos alimentos que compram”, afirmou John Lai, professor assistente de agronegócio no departamento de economia alimentar e de recursos da UF/IFAS (FRE). Mas será que estão dispostos a pagar mais por leite e carne bovina com baixas emissões?
Com base na investigação existente da UF/IFAS sobre os benefícios ambientais das algas marinhas, Lai e os seus colegas estão a realizar uma investigação para testar a sua viabilidade económica. Uma ilustração de dados recentemente publicada dá uma ideia do estudo em curso sobre Asparagopsis armata, uma espécie de alga vermelha.
A ilustração, publicada na revista “Choices” da Associação de Economia Agrícola e Aplicada, é o resultado da colaboração entre Lai, o seu colega Andrew Ropicki e os estudantes Emerson Searl, um aluno de licenciatura, e Meri Hambaryan, uma candidata a doutoramento. Esta descreve os prós e os contras associados ao cultivo de algas marinhas para alimentar vacas leiteiras e gado.
As algas vermelhas reduzem as emissões de metano porque contêm níveis elevados de bromofórmio, um composto que inibe as enzimas envolvidas na criação de gás metano, de acordo com a investigação. Ricas em proteínas, hidratos de carbono e fibras alimentares, as algas marinhas satisfazem as necessidades alimentares do gado sem afetar negativamente o sabor, o cheiro ou a textura da carne ou do leite.
Além disso, os benefícios ambientais associados ao cultivo de algas marinhas vão além da redução das emissões de metano, disse Ropicki, professor assistente especializado em economia dos recursos marinhos.
“Em relação a outros alimentos para o gado que reduzem o metano, as algas são notáveis pela sua capacidade de absorver azoto e fósforo, que alimentam a proliferação de algas nocivas”, explica Ropicki. “Ao capturar o dióxido de carbono dos oceanos, as algas marinhas podem contrariar a acidificação dos oceanos e melhorar a qualidade da água.”
No entanto, existem algumas desvantagens.
As algas vermelhas podem conter metais pesados, iodo e minerais que podem representar riscos para a saúde dos animais, pelo que é necessária uma monitorização contínua durante o cultivo para evitar a toxicidade.
Outros obstáculos incluem as dificuldades logísticas de transporte de grandes quantidades de algas, os requisitos de processamento que exigem energia e os preços elevados associados a uma potencial escassez de algas.
“Existem desafios, mas acreditamos que podem ser ultrapassados e que existe um mercado potencial para a alimentação de vacas com algas marinhas”, afirmou Ropicki.
A avaliação positiva de Ropicki é influenciada por estudos comprovados que indicam que clientes informados e com consciência ambiental estão dispostos a pagar um prémio médio de 4,6% pela carne de vaca com baixas emissões e de 62% pelo leite igualmente com baixas emissões. Outro estudo equiparou uma redução de 85% nas emissões de carbono a um prémio de 4,23 dólares (3,89 euros) por quilo de carne de vaca.
Os investigadores da UF/IFAS irão em breve acrescentar a sua própria investigação ao cânone da investigação sobre carne de bovino e leite sustentáveis; planeiam publicar dois estudos económicos relacionados com o gado alimentado com algas marinhas ainda este ano e um terceiro em meados de 2026.

Link deste panfleto aqui (https://www.choicesmagazine.org/choices-magazine/data-visualizations/from-ocean-ro-pasture-a-potential-sustainability-option-for-cattle-and-diary-farmers)