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Ambientalistas guineenses acreditam que reconhecimento das Bijagós irá mitigar isolamento 

Ambientalistas guineenses acreditam que o reconhecimento das Bijagós como Património Mundial Natural da UNESCO ajudará a mitigar o isolamento que o arquipélago sofre em relação ao resto da Guiné-Bissau e entre as populações das 23 ilhas habitadas.

Ativista cultural e ambiental das ilhas Bijagós, Fernando Saldanha deu à Lusa o exemplo das ilhas de Uno e Orango que se poderiam atravessar, numa ‘vedeta’ (embarcação) rápida, em sete minutos, mas podem levar até 30 dias à espera de meios para chegar de uma ilha à outra.

“As dificuldades são enormes e espero que, com este reconhecimento, vamos criar as condições de mitigação (…) sobre essas dificuldades”, destacou o ambientalista e coordenador na Guiné-Bissau da Rede Luso (Rede Lusófona de Educadores Ambientais).

Para Fernando Saldanha, o reconhecimento das ilhas Bijagós como Património Mundial Natural da UNESCO “é fruto do trabalho dos antepassados”.

A coordenadora da Organização Não Governamental (ONG) ASAD (Associación Solidária Andaluza de Desarrolo) na Guiné-Bissau, Nadir Faria, salienta que o reconhecimento das Bijagós vai permitir “maior visibilidade internacional, o que pode facilitar a mobilização de novos apoios e parcerias estratégicas”.

 Faria entende, contudo, que o reconhecimento implica “mais responsabilidades” na proteção e gestão sustentável dos recursos naturais, o que “exigirá reforço da componente ambiental dos projetos” da ONG.

A responsável da ASAD antevê um aumento de fluxos turísticos e de interesse externo, o que vai requerer preparação das comunidades para garantir que o desenvolvimento seja “inclusivo, respeitoso e sustentável”.

Artemisa Martins, ponto focal nas ilhas Bijagós do projeto Coastal, fomentado pelo Governo guineense em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que atua na capacitação das populações ribeirinhas sobre as alterações climáticas, diz que o reconhecimento “é uma garantia de que o desenvolvimento e a conservação [podem] avançar de mãos dadas com a justiça social e a inclusão” das comunidades locais.

“Sinto que esta distinção é um marco histórico, mas que exige vigilância, compromisso e inovação social. Sou guardiã de um equilíbrio delicado entre a conservação ambiental e a justiça social”, afirmou à Lusa, por escrito, Artemisa Martins.

 Martins considera que com o reconhecimento da UNESCO será preciso assegurar que o arquipélago das Bijagós “não seja apenas” Património da Humanidade, mas também “exemplo global de convivência sustentável e respeito pela diversidade cultural”.

Nadir Faria, da ONG ASAD, observa que o reconhecimento “é também um sinal de que compromisso” e trabalho comunitário, proteção ambiental e da “valorização dos saberes locais” estão a ter “impacto positivo e duradouro”.

Além de dificuldades de acesso às ilhas devido à falta de transporte, as ambientalistas enfatizam a falta de acesso à rede da internet, eletricidade, água potável, serviços de saúde e saneamento.

Artemisa Martins defende que, apesar dos constrangimentos, trabalhar nas ilhas Bijagós potencia “soluções criativas e reforça a resiliência”.

“Trabalhar nas Bijagós é também aprender com os ritmos da natureza, com a força das mulheres e com a sabedoria das comunidades que há séculos vivem em equilíbrio com o ecossistema”, destacou.

Victor Madrigal, da ONG espanhola AIDA (Ayuda, Intercambio y Desarrollo), que trabalha no apoio sanitário às populações carenciadas, considera que o reconhecimento “é uma conquista significativa” que abre oportunidades para a proteção a longo prazo.

Madrigal diz ainda que a decisão aumenta a motivação para continuar a trabalhar nas ilhas.

“A conservação dessas ilhas, com sua rica biodiversidade, é fundamental não apenas para o equilíbrio ecológico global, mas também para garantir que as futuras gerações possam desfrutar deste património único”, defende o responsável.

As ilhas, consideradas um tesouro natural e cultural, fazem parte da lista de 32 sítios de todo o mundo candidatos a Património Mundial, que vão conhecer a decisão da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, a 11 de julho, em França.

A 47.ª reunião do Comité do Património Mundial decorre entre hoje e 16 de julho, na sede da UNESCO em Paris, França.

LUSA

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