Pelo menos sete pessoas morreram entre janeiro e março deste ano vítimas de ataques de animais selvagens na província do Niassa, no norte do país, avançaram as autoridades moçambicanas.
“Neste período registamos 17 casos de conflitos e que precisaram de intervenção do nosso lado. Eesses casos levaram a destruição de 24 hectares de culturas diversas, ferimento de cinco pessoas e também tivemos, infelizmente, a morte de sete pessoas por ataque de animais selvagens”, disse o diretor dos serviços provinciais do ambiente no Niassa, Jornito Muamede, citado hoje pela comunicação social.
O cumulativo dos casos no primeiro trimestre do ano foi registado nos distritos de Sanga, Marrupa, Mecula, Majune, Nipepe, Metarica e Mavago, protagonizados por elefantes, elandes e crocodilos, em que as autoridades moçambicanas abateram pelo menos cinco animais para travar o conflito entre homem e fauna.
A Lusa noticiou antes que o número de mortos devido a ataques de animais selvagens quase triplicou num ano, chegando a 159 vítimas em 2023, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) moçambicano.
No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalhou que o número de óbitos por conflito homem-fauna bravia foi de 58 no ano anterior e de 56 em 2021, mas de 97 em 2020 e de 42 em 2019.
Mais de metade das vítimas mortais destes ataques em 2023 concentrou-se na província de Tete (70), seguindo-se a Zambézia (31), segundo os dados do INE. Só a província de Tete soma 137 mortos desde 2019, de acordo com o histórico do INE.
“No que concerne às áreas de culturas destruídas pela ação da fauna bravia, em 2023 houve registo de destruição de 1.490 hectares, sendo a província de Gaza a que observou maior destruição (68,3%), seguida de Tete com 16,3%”, lê-se no documento.
No relatório acrescenta-se que o número de feridos nestes ataques também continua a crescer, afetando 114 pessoas em 2023, contra 70 no ano anterior, 51 em 2021, 66 em 2020 e 59 em 2019.
Citando os últimos dados disponíveis, no relatório do INE recorda-se que Moçambique estimava em 2018 uma população de 9.114 elefantes e 64.800 búfalos, entre dezenas de espécies de grande porte.
Segundo o mesmo relatório do INE, vivam em 2023 no interior das áreas protegidas moçambicanas 205.375 pessoas, em 162 comunidades, às que se somam 501.737 em 504 comunidades nas zonas tampão a estes parques e reservas.
De acordo com dados anteriores da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), os ataques da fauna bravia em Moçambique destruíram de 2019 a 2023 um total de 955 hectares de culturas agrícolas, como milho e mandioca.
LUSA