Pesquisa mostra como correntes oceânicas transportam partículas plásticas para ecossistemas profundos, ampliando um problema ambiental global
Um estudo recente, destacado num artigo de Grace van Deelen no site Eos, revelou um mecanismo preocupante por trás da dispersão de microplásticos nos oceanos: avalanches submarinas carregam essas partículas para as regiões mais profundas do mar, onde se acumulam em ecossistemas frágeis e pouco estudados.
A descoberta, publicada na revista Environmental Science & Technology, destaca como a poluição plástica não se limita à superfície, mas penetra em áreas antes consideradas remotas e intocadas.
Como as avalanches submarinas espalham microplásticos?
Os microplásticos — partículas com menos de 5 milímetros — já são conhecidos por contaminar praias, águas costeiras e até o gelo polar.
No entanto, o novo estudo demonstra que correntes de turbidez (correntes subaquáticas densas e turbulentas), fluxos densos de sedimentos que descem taludes continentais, atuam como “esteiras transportadoras”, levando plásticos para o assoalho oceânico.
Usando amostras de sedimentos do Mar Tirreno, no Mediterrâneo, os investigadores descobriram que camadas formadas por essas correntes continham concentrações significativamente maiores de microplásticos do que os depósitos superficiais.
Isso sugere que eventos episódicos, como tempestades ou terremotos, podem desencadear avalanches que enterram os plásticos em águas profundas.
Impactos nos ecossistemas marinhos profundos
O acúmulo de microplásticos em regiões abissais é especialmente preocupante porque essas áreas abrigam biodiversidade única, como corais de águas frias e comunidades microbianas essenciais para ciclos biogeoquímicos. A presença de plásticos pode:
- Intoxicar organismos que os ingerem, introduzindo químicos tóxicos na cadeia alimentar.
- Alterar habitats, já que partículas plásticas podem sufocar o leito marinho, afetando a troca de nutrientes.
- Servir como vetor para poluentes, pois plásticos absorvem metais pesados e compostos orgânicos persistentes.
Poluição plástica é um problema global
A pesquisa reforça que a poluição por plásticos é um desafio multidimensional, exigindo ações em várias frentes:
- Redução na produção de plásticos descartáveis, com políticas como a proibição de itens de uso único.
- Monitorização contínua de ecossistemas profundos, ainda pouco mapeados.
- Inovações em gestão de resíduos, incluindo sistemas de captura de microplásticos em rios antes que alcancem o oceano.
Enquanto isso, cientistas alertam: o plástico já chegou ao último refúgio do planeta — as profundezas do oceano —, e os seus efeitos a longo prazo ainda são incalculáveis.

Poder ler aqui. Agradecimento InEcodebate.