Os avistamentos de tubarões por mergulhadores revelam os movimentos dos predadores marinhos. Estes apresentaram padrões sazonais distintos e mostraram tendências positivas ao longo de seis anos de registros
Muitos tubarões deslocam-se por diferentes habitats enquanto seguem o alimento ou procuram parceiros. Como são grandes predadores, alteram a forma dos ecossistemas que visitam. A análise destes movimentos é fundamental para compreender a saúde dos habitats oceânicos, bem como os impactos da atividade humana, mas é notoriamente difícil obter os dados necessários a longo prazo. Neste estudo publicado na PLOS One, George Balchin, William Hughes e colegas da Universidade de Sussex, no Reino Unido, e do Aquaplanet Dive Center, na África do Sul compilaram dados de ciência cidadã sobre avistamentos de tubarões efetuados por mergulhadores profissionais que trabalham no setor do turismo de mergulho. O conjunto de dados incluiu mais de 5300 avistamentos de seis espécies de tubarões, incluindo tubarões-martelo, tubarões-tigre e tubarões-touro, entre 2013 e 2019, no recife Protea Banks da África do Sul.
Os dados revelaram que todas as seis espécies iam e vinham com as estações, embora seguissem os seus próprios horários, com os avistamentos de tubarões-martelo mais frequentes na primavera e os tubarões-tigre mais abundantes no outono, por exemplo. A equipa também identificou mudanças de ano para ano. Durante o período estudado, os avistamentos do tubarão-martelo, do tubarão-ponta-negra e do tubarão-de-dentes-rugosos aumentaram; Já os do tubarão-tigre mantiveram-se estáveis e os do tubarão-touro e tubarão-escuro diminuíram. Em alguns casos, é provável que estas alterações reflitam mudanças em grande escala no comportamento ou na população destas espécies — por exemplo, o crescimento da população das espécies de tubarões que agora têm estatuto de proteção.
Esta informação sobre que tubarões estão presentes e em que alturas é muito valiosa para planear as diretrizes de pesca ou os esforços de conservação ao longo do ano. Além disso, este estudo demonstra o potencial do turismo de mergulho como fonte de dados de ciência cidadã. Os autores sugerem que estudos futuros possam alargar o seu alcance a novas áreas, bem como ter em conta potenciais enviesamentos nos dados desta investigação, envolvendo habitats ou tipos de mergulho mais variados.
Os autores acrescentam: “O nosso estudo constitui um excelente exemplo de como os operadores de mergulho com tubarões e os cientistas, trabalhando em conjunto, podem fornecer informações importantes a longo prazo sobre a dinâmica das populações de tubarões, necessárias para a conservação dos tubarões.”


