Um negócio que movimenta 2 mil milhões de dólares anualmente. Guiana Francesa, Uruguai, Alemanha, Singapura e Holanda são os maiores compradores
Estima-se que, anualmente 38 milhões de animais sejam retirados da natureza brasileira, sendo que apenas um em cada dez chega às mãos do consumidor final, enquanto nove morrem durante a captura ou transporte. Os dados são do relatório produzido pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens (Renctas). Só para ter uma ideia dos números, segundo o mesmo estudo são movimentados 2 mil milhões de dólares anualmente com este negócio. É a terceira maior atividade ilegal do mundo apenas atrás do tráfico de armas e de drogas.

O estudo mostra como o tráfego nacional e internacional de animais utiliza cada vez mais as plataformas digitais. Através da sua monitorização, principalente WhatsApp, Facebook e Instagram, durante o período de seis (entre fevereiro e julho), foram encontradas e catalogadas 5 mil trocas de mensagens relacionadas com a compra e venda de animais selvagens e exóticos. O principal impacto desta atividade ilegal é que pode levar à extinção de algumas espécies.
Quais as espécies mais traficadas na Amazónia?
Segundo o relatório da Renctas, a tartaruga-da-amazónia, tracajá, iguana e jiboia (reptéis), curió, canário-do-amazonas, bicudo, papagaio-curica e arara-canindé (aves), guariba, macaco-prego e aranha, preguiça e peixe-boi (mamíferos); pirarucu, peixe-zebra, acari (peixes), e sapo amazónico, ponta de flecha, de cifre e rã-kambô (anfíbios).

Lista dos países que mais recebem animais capturados no Brasil. Foto: Relatório Renctas
Quanto aos estados, o Amazonas e do Pará são onde ocorrem mais capturas. Já os países que mais compram, são Guiana Francesa, Uruguai, Alemanha, Singapura e Holanda — embora muitos destes destinos são apenas de “trânsito”, ou seja, depois os animais seguem para outros países. A caça de subsistência também é uma forma de alimentação familiar que mitiga as espécies.
O estudo revela ainda os animais que são vendidos para fazer medicamentos (biopirataria), para fornecer peles para o mercado da moda e acessórios. Esta é a que mais danos causa devido a serem procurados pela sua raridade, fazendo elevar o preço junto de colecionadores.

Imagem do Relatório Renctas