Investir em ciclovias protegidas é a melhor estratégia para aumentar o uso da bicicleta e promover mobilidade sustentável
Quem não gosta de se sentir seguro a andar de bicicleta. Agora um estudo realizado em 28 cidades norte-americanas demonstra que as ciclovias protegidas são muito mais eficazes para incentivar o uso da bicicleta. Durante seis anos, os investigadores analisaram mais de 14 mil zonas urbanas e concluíram que estas infraestruturas de baixo stress provocam aumentos significativamente maiores no número de ciclistas.
Este estudo analisou dados entre 2014 e 2019, as zonas urbanas onde foram instaladas ciclovias protegidas (PBLs) registaram um crescimento no número de ciclistas 1,8 vezes maior do que aquelas com ciclovias padrão (SBLs), 1,6 vezes maior do que com marcações partilhadas (SHRs) e 4,3 vezes maior do que áreas onde não foram instaladas novas infraestruturas cicláveis.
O estudo recolheu dados de 14.011 grupos de blocos em 28 cidades dos EUA e controlou fatores como o estatuto socioeconómico e o ambiente construído. A análise também mostrou que, em termos de quilometragem instalada, o impacto das ciclovias protegidas foi 52,5% superior ao das ciclovias padrão e 281,2% superior ao das marcações partilhadas.
Além disso, a análise de diferenças em diferenças (DID) revelou que as ciclovias com separador (BBLs) tiveram o maior crescimento percentual da quota modal da bicicleta, com um aumento 42,2% superior ao das ciclovias padrão. As marcações partilhadas, por sua vez, tiveram um impacto mais limitado e menos consistente.
Este trabalho é pioneiro ao utilizar dados longitudinais, o que ajuda a demonstrar que as infraestruturas de baixo stress não só estão associadas a zonas com muitos ciclistas, mas também provocam efetivamente um aumento significativo no número de utilizadores.
Este estudo contribui para a validação do conceito de “nível de stress do tráfego”, já amplamente usado no planeamento de redes cicláveis. Mostra também que, para convencer os mais hesitantes a optarem pela bicicleta como meio de transporte, as cidades devem apostar em redes contínuas de ciclovias protegidas e seguras.
Os autores destacam a importância de apostar em redes cicláveis seguras e contínuas para atrair uma população mais vasta, incluindo ciclistas menos experientes. Apontam ainda para a necessidade de estudos futuros que analisem características específicas das ciclovias protegidas e o impacto das redes integradas, bem como as diferenças de uso por género, idade e outros fatores demográficos.
O estudo oferece evidências robustas para os decisores políticos: investir em ciclovias protegidas é a melhor estratégia para aumentar o uso da bicicleta e promover mobilidade sustentável.