#PorUmMundoMelhor

Teresa Cotrim

Clima descontrolado: cientistas usam modelos de pequena escala para prever aumentos de poluição

À medida que o planeta aquece, o clima extremo e a poluição atmosférica estão a convergir num ciclo vicioso perigoso. Este novo estudo revela como os modelos de alta resolução do sistema terrestre podem desvendar as suas complexas conexões. Ao ampliar os processos atmosféricos e oceânicos à escala de quilómetros, os investigadores revelam como os eventos climáticos extremos podem piorar a qualidade do ar — e vice-versa.

Os modelos aprimorados oferecem simulações mais precisas e realistas dessas duas ameaças, permitindo aos cientistas identificar as dinâmicas ocultas que impulsionam os picos de poluição durante os extremos climáticos. As descobertas prometem remodelar a forma como antecipamos os riscos ambientais e construímos sistemas de alerta precoce mais inteligentes.

Nas últimas duas décadas, a comunidade científica fez rápidos avanços na compreensão das alterações climáticas e da poluição atmosférica, mas o progresso sobre os seus efeitos combinados continua limitado. Os modelos tradicionais muitas vezes ignoram a complexa rede de interações entre a terra, o mar e o céu, especialmente ao simular eventos compostos, como ondas de calor coincidindo com ar estagnado.

Feedbacks interconectados sobre clima e poluição num mundo em aquecimento.

Essas lacunas são particularmente preocupantes em zonas costeiras e urbanas densamente povoadas, onde a exposição humana é mais elevada. Os investigadores reconhecem agora que captar processos em pequena escala é fundamental para melhorar tanto as previsões como as respostas de saúde pública. Devido a estes desafios, há uma necessidade urgente de aprofundar a nossa compreensão de como os extremos climáticos e a poluição atmosférica interagem através de modelos de alta resolução.

Uma equipa de investigação liderada pela Universidade Oceânica da China e pela Universidade de Tsinghua publicou um estudo na revista Frontiers of Environmental Science & Engineering. Este explora como modelos avançados de alta resolução do sistema terrestre podem simular melhor os efeitos combinados do clima extremo e da poluição atmosférica. Ao preencher as lacunas nas capacidades atuais de modelagem, o trabalho oferece uma imagem mais detalhada e precisa dos riscos ambientais sob as alterações climáticas.

A pesquisa da equipa investiga a mecânica de como o clima extremo intensifica a poluição do ar e vice-versa. Usando modelos do sistema terrestre de última geração com resolução em escala de quilómetros, o estudo esclarece como processos mal representados — como a deposição seca de ozono ou as diferenças de emissão entre áreas urbanas e rurais — podem distorcer as previsões de poluição. As novas simulações corrigiram essas questões, reduzindo as sobreestimativas de ozono em média 62% em regiões altamente poluídas.

Extremos climáticos compostos, envolvendo eventos simultâneos ou sequenciais, têm se tornado cada vez mais frequentes. Modelos de sistema terrestre de alta resolução são cruciais para capturar os processos complexos em pequena escala subjacentes a esses eventos compostos.

Para lidar com o excesso de dados das simulações, os investigadores também propõem integrar técnicas de inteligência artificial — acelerando os cálculos e preservando a precisão. O seu trabalho destaca o imenso valor das ferramentas de modelagem que podem refletir a realidade complexa e não linear da nossa atmosfera num clima em mudança.

“Compreender como o clima extremo e a poluição do ar se amplificam mutuamente é essencial para proteger vidas e ecossistemas”, afirmaram os professores Yang Gao e Deliang Chen, autores correspondentes do estudo. “Os modelos de alta resolução do sistema terrestre permitem-nos descobrir interações que antes eram invisíveis, dando aos decisores o conhecimento necessário para se prepararem para os riscos climáticos do futuro.”

À medida que os desastres relacionados ao clima se intensificam, ferramentas que podem identificar onde e quando a poluição e o clima entrarão em colisão são mais importantes do que nunca. Modelos de alta resolução podem revolucionar as previsões ambientais, oferecendo às cidades, comunidades costeiras e sistemas de saúde a capacidade de antecipar-se para agir rapidamente. Combinados com inteligência artificial, esses modelos podem fornecer alertas localizados em tempo real e orientar investimentos em adaptação climática. Ao capturar toda a complexidade dos sistemas da Terra, esta investigação estabelece as bases para sociedades mais resilientes num futuro incerto.

Em destaque

  • All Posts
  • Agenda
  • Agricultura
  • Ambiente
  • Análise
  • Biodiversidade
  • Ciência
  • Curiosidades
  • Dinheiro
  • Empresas
  • Entrevista
  • ESG
  • Estudo
  • Exclusivo
  • Finanças
  • Finanças Verdes
  • Inovação
  • Inovação Social
  • Internacional
  • Newsletter
  • Opinião
  • Pescas
  • Pessoas
  • Psicologia
  • Reportagem
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Social
  • Start ups
  • Tecnologia
  • Tendências
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.