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Coalas podem ser os parentes vivos mais próximos do “leão-marsupial” australiano

A velha piada australiana sobre os temíveis “drop bears” — uma versão carnívora e agressiva dos dóceis koalas — pode afinal conter um fundo de verdade científica. Uma nova investigação conduzida por cientistas da Universidade de Adelaide, em colaboração com a Universidade de Manchester e o Museu e Galeria de Arte da Tasmânia, sugere que o coala moderno é o parente vivo mais próximo do extinto Thylacoleo carnifex, conhecido como o “leão-marsupial”.

O estudo, publicado na prestigiada revista Proceedings of the Royal Society B, utilizou uma técnica inovadora que permite identificar relações evolutivas entre espécies com base nas impressões digitais do colagénio — a principal proteína estrutural dos ossos e tecidos. Esta abordagem, conhecida como ZooMS (Zooarchaeology by Mass Spectrometry), possibilitou aos investigadores analisar fósseis com mais de 100 mil anos, muito além dos limites habituais de preservação de ADN.

Os cientistas aplicaram o método a fósseis de três grandes mamíferos australianos já extintos:

  • Zygomaturus, um herbívoro de cerca de 500 quilos que se assemelhava a um enorme wombat;
  • Palorchestes, outro herbívoro de aspeto semelhante a uma anta;
  • e Thylacoleo carnifex, o enigmático “leão-marsupial”, um predador robusto com mandíbulas poderosas e garras afiadas.

As análises moleculares revelaram que o Thylacoleo está mais próximo dos coalas do que de outros marsupiais carnívoros conhecidos. Esta descoberta desafia algumas hipóteses anteriores baseadas apenas em características ósseas e morfológicas.

“É fascinante descobrir que o parente mais próximo de um dos predadores mais formidáveis da Austrália é o pacífico e sonolento coala”, comentou um dos autores do estudo, da Universidade de Adelaide. “Mostra como a evolução pode seguir caminhos surpreendentes.”

Durante o Pleistoceno tardio, a antiga massa continental que incluía a Austrália, a Tasmânia e a Nova Guiné sofreu uma das maiores vagas de extinções de megafauna do planeta, eliminando animais gigantes como o Diprotodon (um “hipopótamo” marsupial), o Thylacoleo e várias espécies de cangurus gigantes.

Esta investigação abre novas portas para o estudo da evolução dos marsupiais australianos, especialmente quando o ADN antigo não está disponível, e reforça o potencial do colagénio como ferramenta para reconstruir árvores evolutivas.

E, quem sabe, dá também uma nova vida ao mito dos “drop bears” — talvez menos lendário do que se pensava.

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