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Teresa Cotrim

Combater incêndios com água do mar: porque não é a melhor solução?

Tanta água em abundância e ainda não é a mais utilizada no combate às chamas. O alto teor de sal, o ser mais pesada e melhor condutor elétrico são os senãos apontados pelos cientistas

Os oceanos da Terra contêm 1,33 mil milhões de quilómetros cúbicos de água salgada, um número que equivale a quase 98% do total da superfície coberta por água no mundo (mais ou menos 75% do globo). A água doce representa apenas 3% do total do volume do planeta. Então, com o Oceano Pacífico ali tão próximo porque não usar esse recurso abundante para combater os incêndios de LA? A resposta é mais complicada do que parece, isto porque o uso de água salgada traz desafios ambientais e logísticos.

Joaquim Poças Martins, professor universitário e consultor internacional no setor da água explica ao Sustentix, que um dos problemas pode ser a salinização dos solos, um processo que os pode tornar inférteis. Isto porque o sal pode degradar a estrutura do solo, dificultando a permeabilidade e a drenagem. Além disso, o sal prejudica o movimento dos nutrientes no solo (desequilíbrio iónico) e pode ser tóxico para as plantas menos tolerantes devido à alta concentração de sódio. Porém, para o especialista essa situação seria temporária. Além disso, para um solo ficar infértil, as concentrações de cloreto de sódio teriam de ser entre dois e cinco por cento. Depois, caso a salinização atinja fontes próximas de água doce pode contaminá-las. No entanto, há estudos que dizem que o risco para as águas subterrâneas é reduzido. Um estudo feito pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em 2006 revelava que após o primeiro ano de um incêndio, os valores de salinidade no solo tendem a diminuir devido à recarga com águas pouco salinas.

Uma outra explicação para não se usar a água do mar como o recurso principal no combate a incêndios passa pelos equipamentos utilizados pelos bombeiros — mangueiras, carros de incêndio, que não foram produzidos para suportar uma exposição prolongada a água salgada. O sal corrói metais como o ferro e o aço, podendo comprometer a segurança e a eficácia dos equipamentos. O alto-teor de sal também é corrosivo para aviões-tanque e bombas hidráulicas. Outra má notícia: a água salgada é melhor condutor elétrico, aumentando o risco em incêndios que envolvem equipamentos elétricos.

Mas a verdade é que esta também é usada e foi agora no combate às chamas em Los Angeles, por exemplo durante o incêndio de Palisadas, em que aviões Bombardier CL-415, conhecidos como “super coopers”, abasteceram-se diretamente no oceano — cada avião transportou 6056 litros por viagem, mas os ventos fortes não ajudaram nesta batalha, além de que o peso da água salgada é maior do que o da água doce, logo a possibilidade de efetuar danos nas habitações é também mais elevado. Daí esta estratégia ser mais utilizada para áreas selvagens ou desabitadas.

Um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo diz que em vez de utilizar água do mar, os bombeiros americanos empregam estratégias mais eficazes, como o uso de retardantes de chamas e aviões-tanque ou helicópteros que despejam água doce ou químicos diretamente sobre as áreas afetadas.

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