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Conteúdo fossilizado do intestino de dinossauro revela dieta herbívora do Saurópode

Descoberta única confirma hipóteses antigas sobre o regime alimentar dos maiores dinossauros da Terra

Impressão artística do Diamantinasaurus matildae a alimentar-se. Crédito: Travis Tischler

Uma descoberta inédita vinda da Austrália trouxe novas pistas sobre a dieta dos gigantescos dinossauros saurópodes. Investigadores identificaram, pela primeira vez, conteúdo fossilizado do intestino de um saurópode — um achado sem precedentes, dado que, até agora, nunca tinham sido encontrados verdadeiros colólitos (conteúdos intestinais preservados) de saurópodes.

O estudo, publicado a 9 de junho na revista Current Biology, analisou restos vegetais fossilizados encontrados na zona abdominal de um exemplar subadulto de Diamantinasaurus matildae, datado de há entre 94 e 101 milhões de anos, oriundo da Formação Winton, em Queensland, Austrália. A investigação foi liderada por Stephen Poropat, paleontólogo da Curtin University.

“Apesar dos saurópodes estarem presentes em todos os continentes e terem vivido durante cerca de 130 milhões de anos, nunca antes se tinham encontrado conteúdos intestinais genuínos destes animais,” afirmou Poropat em comunicado. “Esta descoberta confirma várias hipóteses que até agora eram apenas baseadas em análises anatómicas e comparações com animais modernos. O conhecimento da dieta dos dinossauros é fundamental para compreender a sua biologia e o papel que desempenhavam nos ecossistemas antigos”, dizem os investigadores.

Os fósseis vegetais encontrados incluem folhas de coníferas (plantas com sementes em cones), estruturas de samambaias com sementes e folhas de angiospérmicas (plantas com flores), revelando uma dieta variada. A presença destes elementos, juntamente com sinais químicos tanto de angiospérmicas como de gimnospérmicas, aponta para um comportamento alimentar pouco seletivo — o Diamantinasaurus comia qualquer vegetação que estivesse ao seu alcance, sem mastigar, recorrendo à fermentação microbiana intestinal para digerir os alimentos.

O autor principal Stephen Poropat no sítio de escavação de Judy, na Austrália, em junho de 2017. Crédito: Stephen Poropat

“As plantas mostram sinais de terem sido arrancadas ou cortadas, mas não mastigadas,” explicou Poropat.

Esta descoberta reforça a teoria de que os saurópodes foram alguns dos herbívoros terrestres mais impactantes do período Mesozóico. A sua estratégia de alimentação indiscriminada e em grande volume terá sido uma das razões do seu sucesso evolutivo e longevidade enquanto grupo.

Um dos aspetos mais surpreendentes foi a presença de angiospérmicas no conteúdo intestinal, dado que estas plantas começaram a diversificar-se significativamente na Austrália apenas 100 a 95 milhões de anos atrás.

“Isso sugere que os saurópodes se adaptaram com sucesso a comer plantas com flores dentro de 40 milhões de anos após o primeiro aparecimento destes vegetais no registo fóssil,” comentou Poropat.

A análise indica ainda que o Diamantinasaurus, enquanto jovem, provavelmente se alimentava de plantas rasteiras, e à medida que crescia, a sua dieta incluía também vegetação mais alta. O colólito apresentava grande quantidade de rebentos jovens, brácteas e vagens de sementes — partes mais fáceis de digerir.

Apesar da importância da descoberta, os cientistas sublinham que se trata de um único exemplar e que são necessários mais achados para confirmar se esta refeição representava a dieta típica do animal.

“Os conteúdos intestinais que descrevemos representam apenas um ponto de dados,” alertou Poropat. “Não sabemos se estas plantas refletem a sua dieta habitual ou a de um animal sob stress. Também não sabemos o quão representativos são para indivíduos juvenis ou adultos, ou como a sazonalidade influenciava a dieta.”

Mesmo com estas limitações, esta revelação marca um avanço significativo na compreensão da ecologia dos saurópodes e da sua interação com os ecossistemas mesozóicos.

Estudo completo aqui

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