O gelo na Gronelândia está a derreter a um ritmo cada vez mais acelerado. Segundo três modelos climáticos regionais e num cenário de elevadas emissões de gases de efeito estufa (SSP585) estima-se uma perda entre 964 e 1735 gigatoneladas de gelo por ano até 2100. O que pode levar a um aumento do nível do mar de até um metro, ameaçando milhões de pessoas nas áreas costeiras
Uma nova pesquisa conduzida pela Universidade de Lige e apoiada, em particular, pelo supercomputador NIC5, contribuirá para futuras avaliações do IPCC. As geleiras da Gronelândia estão a derreter a um ritmo alarmante. Dois estudos recentes, um coordenado pela Universidade de Liege e publicado na Geophysical Research Letters, outro publicado num comunicado de imprensa científico, revelam a escala do problema.
Três modelos climáticos regionais (RACMO, MAR e HIRHAM) oferecem previsões variadas para o derretimento do gelo, mas todos concordam em uma conclusão: a Gronelândia perderá uma enorme quantidade de gelo até 2100, acelerando o aumento do nível do mar.
A equipa de pesquisa apontou que essas diferenças decorrem da maneira como cada modelo trata o fluxo de água derretida. Por exemplo, quando a neve derrete, parte da água se infiltra e congela, enquanto o resto flui diretamente para o oceano. Esse processo complexo, influenciado por feedbacks ligados ao albedo (refletividade de superfície), é um fator chave nas discrepâncias entre os modelos.
“Atualmente, a Gronelândia contribui com 25% para o aumento global do nível do mar, ou 0,6 mm por ano. Se o derretimento atual continuar, essa contribuição pode chegar a 1 metro até 2100”, contabiliza Xavier Fettweis, climatologista da ULiége. Isso colocaria milhões de vidas em risco nas áreas costeiras ao redor do mundo, expostas a riscos aumentados de inundações e submersões.
O derretimento da camada de gelo da Gronelândia é um alerta que não pode ser ignorado. Ele pede ação imediata para limitar o aquecimento global, proteger comunidades vulneráveis e preservar os ecossistemas do mundo.