#PorUmMundoMelhor

Sustentix

Descobertas dezasseis novas espécies de gafanhotos no deserto

Originários da época da idade do gelo estes insetos sobreviveram e adaptaram-se ao longo dos anos

Quando olhamos para o deserto vemos areia a perder de vista e à nossa mente vem a ideia de que será impossível sobreviver num ambiente tão inóspito. Mas há vida no deserto. Acabaram de ser descobertas dezasseis novas espécies de gafanhoto, nativos dos desertos do sul dos EUA e do México, servindo como prova da próspera biodiversidade dos ecossistemas áridos.

Publicado na revista científica ZooKeys, o artigo de Hill “Desert Diversification: Revision of Agroecotettix Bruner, 1908 (Orthoptera, Acrididae, Melanoplinae) with Descriptions of Sixteen New Species from the United States and Mexico” fornece informações valiosas sobre a evolução e a ecologia da região.

“Estes gafanhotos fazem parte da subfamília Melanoplinae, que é a subfamília mais diversificada dos gafanhotos da América do Norte, e a maioria das nossas principais espécies de pragas de gafanhotos ocorrem neste género. Há muitas espécies novas a serem descobertas e estamos a tentar descrevê-las todas antes de produzirmos o livro”, afirma, JoVonn Hill, professor assistente na Estação Experimental Agrícola e Florestal do Mississipi da MSU.

Até agora eram apenas conhecidas três espécies deste gafanhoto do género  Agroecotettix, mas o entomologista JoVonn Hill fez uma análise minuciosa de espécimes pertencentes a coleções de diversas instituições.

“Estes gafanhotos vivem em arbustos espinhosos de planície. Algures ao longo do tempo, também se isolaram, porque cada um deles ainda está associado a uma cadeia de montanhas específica. A sua natureza sexualmente seletiva e a ausência de rituais de pré-casamento mantiveram as populações estáveis e ligadas a cadeias de montanhas específicas”, explica o investigador.

Na sua opinião, este género de gafanhoto diversificou-se provavelmente durante a Época Pleistocénica, também conhecida como a Idade do Gelo. Jo Vonn Hill observou que, nas Montanhas Rochosas, as espécies desta subfamília ficaram provavelmente isoladas à medida que os glaciares recuaram e os seus habitats se deslocaram para altitudes mais elevadas.

O investigador suspeita que sucedeu o mesmo com estas espécies do deserto. A sua equipa acredita que passaram por um processo semelhante de isolamento. “Este estudo tem como objetivo determinar o que produziu esta diversidade, quando ocorreu e como as populações individuais podem ter ficado isoladas ao longo do tempo”.

O próximo passo é com o ADN dos espécimes recolhidos sequenciá-lo, o que  ajudará a confirmar estas observações. Utilizando um relógio molecular, a equipa de Hill estimará a data em que as espécies divergiram, e assim tentar compreender como as alterações climáticas do passado influenciaram as suas distribuições e como o poderão voltar a fazer no futuro.

Para Hill, compreender os impactos passados das alterações climáticas também nos pode ajudar a prepararmo-nos para o que poderemos vir a enfrentar no futuro. Além disso, é um lembrete de que ainda há muito para descobrir, “mesmo no nosso próprio quintal”, brinca.O cientista revela que adorava apanhar gafanhotos em criança e “continuo a fazê-lo agora — descobrindo coisas novas, desvendando a sua história e compreendendo como estão relacionados. Partilhar este pedaço fascinante do património natural americano faz com que tudo valha a pena”, conclui.

Em destaque

  • All Posts
  • Agenda
  • Agricultura
  • Ambiente
  • Análise
  • Biodiversidade
  • Ciência
  • Curiosidades
  • Dinheiro
  • Empresas
  • Entrevista
  • ESG
  • Estudo
  • Exclusivo
  • Finanças
  • Finanças Verdes
  • Inovação
  • Inovação Social
  • Internacional
  • Newsletter
  • Opinião
  • Pescas
  • Pessoas
  • Psicologia
  • Reportagem
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Social
  • Start ups
  • Tecnologia
  • Tendências
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.