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É possível desenvolver sem destruir as nossas bases naturais?

Um estudo publicado na revista Nature projeta cenários para o clima e o meio ambiente até o fim do século, com base em diferentes caminhos de políticas públicas.

O ponto de partida são os chamados “limites planetários” — parâmetros científicos que definem o espaço seguro de operação para a humanidade. Segundo a pesquisa, a sustentabilidade continuará a ser um grande desafio nas próximas décadas, mas medidas ambiciosas podem trazer melhorias significativas: seria possível, por exemplo, alcançar uma situação semelhante à de 2015 até 2050 e obter avanços ainda mais expressivos até 2100.

“A civilização humana chegou a um ponto crítico, e mostramos, com uma nova metodologia, como ela pode continuar a desenvolver-se sem destruir as suas bases naturais”, afirma Johan Rockström, diretor do PIK e um dos autores do estudo. “Trata-se do acoplamento mais abrangente já feito entre o conceito de limites planetários — que foi inicialmente criado para avaliar a situação atual — e dados de cenários futuros baseados em modelos.

O resultado é um sistema de navegação valioso para decisores. Podemos quantificar claramente o perigo de manter o curso atual, ao mesmo tempo que demonstramos os benefícios de mudanças ambiciosas.”

Rockström foi um dos criadores do conceito de limites planetários em 2009. A abordagem define os limites superiores da zona de segurança e identifica riscos crescentes ao ultrapassá-los, considerando nove sistemas essenciais: mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, ciclos do nitrogénio e do fósforo, uso da água doce, integridade da biosfera, entre outros.

A equipa de investigadores também utilizou o modelo integrado de avaliação IMAGE, amplamente reconhecido nas pesquisas climáticas. Esse modelo oferece uma representação detalhada de como as atividades humanas afetam o meio ambiente. O autor principal do estudo é Detlef van Vuuren, professor da Universidade de Utrecht e investigador sénior da Agência de Avaliação Ambiental dos Países Baixos (PBL), que expandiu significativamente o modelo IMAGE.

Políticas climáticas sozinhas não serão suficientes

Um estudo anterior de 2023, também com participação do PIK, já tinha mostrado que seis dos nove limites planetários foram ultrapassados — ou seja, os sistemas já estão a operar fora da zona segura. A nova pesquisa aponta que, no cenário de “business as usual” (manter tudo como está), a degradação ambiental continuará até 2100 em quase todas as categorias, com exceção da camada de ozono e da poluição do ar. Até 2050, as pressões sobre o clima e o nitrogénio já estarão firmemente inseridas na zona de alto risco.

Além disso, mesmo políticas climáticas ambiciosas, como aquelas voltadas à limitação do aquecimento global a 1,5°C, não serão suficientes, por si só, para tirar o planeta da zona de risco até o final do século.

Embora ações climáticas tenham efeitos colaterais positivos — como a melhora da qualidade do ar com a substituição de motores a combustão ou o uso mais sustentável da terra por meio do reflorestamento —, também há impactos negativos. Um exemplo é o cultivo em larga escala de culturas para bioenergia, que pode causar novos desequilíbrios ambientais.

Diante disso, a grande pergunta do estudo é: que outras medidas ambiciosas e tecnicamente viáveis podem ajudar a reduzir ainda mais a transgressão dos limites planetários?

A procura por medidas ainda mais eficazes

O estudo propõe um cenário que combina políticas climáticas ambiciosas com ações complementares: adoção de uma dieta com baixo consumo de carne (a chamada “Dieta da Saúde Planetária”, da comissão EAT-Lancet), redução pela metade do desperdício de alimentos e uso eficiente de água e nutrientes.

Nesse cenário, a deterioração dos sistemas terrestres pode ser parada e revertida: em quase todos os aspetos, o planeta estaria, em 2050, pelo menos tão saudável quanto em 2015 — e seguia a recuperar-se na segunda metade do século.

“No entanto, mesmo nesse cenário otimista, alguns limites planetários ainda serão ultrapassados em 2100”, ressalta Detlef van Vuuren. “É o caso do clima, dos ciclos do fósforo e do nitrogênio e da integridade da biosfera. Por isso, a procura por políticas ainda mais eficazes continua na pauta. E o nosso estudo oferece uma abordagem científica viável para avaliar o que essas medidas podem alcançar.”

Fonte: Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)

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