Estudo levado a cabo pela Western Sydney University tenta compreender como o calor é sentido nos vários pontos da cidade australiana e dá recomendações de medidas de prevenção
O que leva diferentes zonas da cidade a ter diferentes temperaturas? Esta é a questão importante aquando da gestão de uma cidade como Sydney, principalmente numa altura em que as alterações climáticas são uma realidade.
Um estudo realizado pela Western Sydney University analisou o microclima da cidade australiana e descobriu que os subúrbios perto do porto são até 15 graus mais frescos do que os do sul da cidade. Isto durante alturas de calor extremo.
Tudo começou com a mapiação da cidade para encontrar os microclimas da região. Algo que foi conseguido através de uma análise mais detalhada do calor urbano já realizada na área
Em comunicado, a Universidade revelou que, entre dezembro de 2023 e março de 2024, foram efetuadas um milhão e meio de medições utilizando medidores de temperatura personalizados colocados em parques, ruas, na orla marítima e em zonas industriais.
Os dados recolhidos indicam que o dia mais quente foi 9 de dezembro, onde se registou uma temperatura máxima de 45,3°C em St Peters, enquanto, na mesma altura, as temperaturas no Jardim Botânico eram de 30°C.
Estes dados, na opinião de Sebastian Pfautsch da Western Sydney University, do Centro de Investigação de Transformações Urbanas e da Escola de Ciências Sociais, “ajudarão a cidade de Sydney a arrefecer os subúrbios e a criar resiliência”.
O professor universitário lembrou que, “com os verões cada vez mais quentes, é vital que os governos a todos os níveis trabalhem para atenuar os piores impactos do calor, mas também para se adaptarem e prepararem para verões que tendem a ser mais quentes”, acrescentando que “o relatório sobre o microclima mostra o que é necessário fazer e onde, para que todos tenham acesso a espaços frescos nos dias escaldantes de verão e saibam onde se encontram”.

Credit: Western Sydney University
Uma das soluções apontadas para gerir os vários microclimas passa por ter mais espaços verdes: “a substituição de superfícies duras por plantas nas zonas sul, centro e oeste é crucial. Temos de nos concentrar em formas inovadoras de trazer a natureza de volta a um ambiente urbano que é dominado por edifícios, estradas e outros materiais que apenas tornam os Verões mais quentes”.
A prova que esta estratégia funciona é verificada nas áreas de Zetland. Zonas da cidade que, como aponta o relatório, apesar do grande desenvolvimento urbano, são refrescadas por uma copa de árvores urbana.
Do lado oposto estão as zonas ao longo da Parramatta Road, caraterizadas por serem muito quentes. O estudo avança com um outro dado interessante: as zonas próximas de grandes espaços verdes abertos, como o Moore Park e o Sydney Park, registam temperaturas noturnas médias mais baixas. Entre as zonas mais quentes estava a Estação Central de Haymarket.
Clover Moore AO, presidente da Câmara de Sydney relembrou a existência das alterações climáticas: “até 2050, prevê-se que o aquecimento urbano aumente as temperaturas entre 1,5 e 3 graus, pelo que é vital planearmos, investirmos e adaptarmo-nos”, explicando que o estudo “deu-nos uma visão notável dos microclimas de Sydney e ajudar-nos-á a definir melhor as estratégias que mantêm a habitabilidade da nossa área, mesmo com as alterações climáticas à nossa volta”.
O governante vai mais longe e aponta algumas das medidas tomadas após os resultados do estudo: “estamos a aumentar a cobertura arbórea, especialmente em áreas que sabemos necessitarem de atenção. Isto continuará a criar uma cidade mais fresca e bem sombreada e ajudará a atingir o nosso ambicioso objetivo de 40% de cobertura verde até 2050. E o nosso trabalho com o St Vincent’s Hospital garante que os membros vulneráveis da nossa comunidade possam aceder a abrigos de refrigeração quando o mercúrio sobe.”