#MovRioDouro e ZERO pedem à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que faça análises urgentes em todas as zonas de banhos não monitorizadas do Porto, Gaia e Gondomar e alerte a população para os riscos de tomarem banho em zonas sem classificação de zona balnear
A época balnear, em Portugal, começou há já algumas semanas com 673 águas balneares classificadas, 23 delas na Bacia Hidrográfica do Douro. No Estuário do Douro, no entanto, persiste a ausência de qualquer praia fluvial oficialmente classificada como água balnear, apesar dos milhares de banhistas que frequentam diariamente os areais do Porto, Gaia e Gondomar. Apesar da ausência de dados oficiais sobre a qualidade da água, a presença de equipamentos balneares, instalados pelas autarquias, transmite uma mensagem contraditória e uma falsa sensação de segurança sanitária. O #MovRioDouro já pediu à APA a monitorização urgente destas zonas balneares – e respetiva divulgação dos resultados – cujos dados não são recolhidos ou divulgados por falta de obrigatoriedade legal.
Na Área Metropolitana do Porto, apesar das repetidas campanhas de alerta, apenas uma praia está apta para banhos em 2025 – a praia fluvial da Lomba, em Gondomar – enquanto locais como Areinho de Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia) ou Zebreiros (Gondomar) continuam a ser utilizados por milhares de banhistas sem qualquer controlo público da qualidade da água.
Risco (in)visível para a saúde pública
A exposição a águas poluídas no rio Douro pode representar riscos sérios para a saúde pública, sobretudo devido à presença de contaminação fecal, resultante de descargas de esgotos e de falhas no tratamento de águas residuais. No âmbito dos protocolos de amostragem, as águas balneares devem ser inspecionadas quanto à presença de Enterococos intestinais e Escherichia coli, é ambos indicadores deste tipo de contaminação, em que o contacto com a água pode resultar em infeções gastrointestinais, problemas dermatológicos, otites e conjuntivites, além do risco acrescido para crianças, idosos e pessoas com sistemas imunitários fragilizados.
A ausência de monitorização e de divulgação dos resultados das análises microbiológicas em zonas balneares não classificadas no Douro deixa milhares de banhistas expostos a estes riscos, uma vez que não existe qualquer garantia sobre a qualidade da água nestes locais. Mesmo em áreas com infraestruturas balneares, como bares e sanitários, a falta de informação adequada sobre a qualidade da água pode induzir uma falsa sensação de segurança e levar a população a correr riscos desconhecidos.
“Quando não existe monitorização e divulgação dos resultados das análises, as pessoas acabam por se expor a riscos invisíveis. Acreditamos que, se estas águas fossem devidamente analisadas, muitos destes locais teriam bandeira vermelha e os banhistas poderiam evitar problemas de saúde que, infelizmente, continuam a ser ignorados”, sublinha Gustavo Briz, do #MovRioDouro.
“É fundamental que a APA e as autarquias atuem de forma imediata para dissuadir o banho em zonas não classificadas e proteger a saúde pública. Não basta alertar: é preciso garantir que estas zonas não são promovidas nem equipadas como se fossem seguras. A criação de condições que incentivam os banhos sem garantir a qualidade da água é irresponsável e coloca milhares de pessoas em risco”, alerta Sara Correia, da ZERO.
Além de pedir a divulgação das análises destas zonas e exigir uma atuação mais rigorosa da APA, o movimento e as restantes organizações apelam à responsabilidade das autarquias que promovem estas áreas como zonas de banho para que garantam a proteção da saúde pública. O #MovRioDouro reforça o seu compromisso com a defesa do património natural do Douro e desafia as entidades responsáveis a não perpetuarem mais um ano de inação e silêncio sobre a qualidade das águas balneares da região.
Sobre o #MovRioDouro:
O #MovRioDouro é um movimento de cidadania em defesa dos rios da bacia hidrográfica do Douro, que congrega pessoas, membros da comunidade científica, grupos e associações para a defesa dos rios, através da troca de experiências e informação, da dinamização de ações conjuntas e da defesa de posições comuns junto da sociedade e decisores. Composto por cidadãos e 17 organizações nacionais e regionais, o movimento atua com base numa agenda ambientalista e cidadã, de influência dos decisores e da sociedade, para mudanças efetivas na bacia do Douro. Rege-se pelos princípios: Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Pessoas, Cultura e Território; Visão integrada; Independência e Reflexão Crítica; Cooperação e Participação; Transparência.
Sobre a ZERO:
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável é uma organização não governamental de ambiente de âmbito nacional, sem fins lucrativos, criada em 2015, fruto do interesse comum de cerca de uma centena de pessoas pelo desenvolvimento sustentável em Portugal.