As catástrofes naturais impactam a biodiversidade. Um grupo de investigadores brasileiros estudou uma população de cavalos-marinhos com escoliose, focinho deformado, edema ocular, falta de um olho e nanismo
Um estudo realizado por investigadores brasileiros de universidades do Sergipe e de Pernambuco, em conjunto com o Instituto Hippocampus, encontrou deformações em cavalos-marinhos no litoral sul de pernambucano. A investigação sugere que há uma relação entre tais más-formações com o derramamento de petróleo que atingiu as praias do Brasil em 2019. Até hoje, não se sabe qual foi a origem do vazamento.
Em 2019, ocorreu uma catástrofe ambiental no Brasil, quando mais de 5.000 toneladas de petróleo bruto de origem desconhecida invadiram praias e manguezais. Dois anos depois, duas áreas de monitorização foram selecionadas para estudar a prole dos cavalos-marinhos: o estuário do Rio Massangana (área aparentemente saudável) e a Ilha Cocaia (área afetada).
Trinta e seis eventos reprodutivos de casais de Hippocampus reidi (Syngnathidae) dessas duas áreas foram monitorizados para analisar a prole. Na área aparentemente saudável, não foram encontrados recém-nascidos com malformações. No entanto, os filhotes da Ilha Cocaia apresentaram uma média de 19,73% (± 5,23) de malformações nos recém-nascidos.
“Argumenta-se que os efeitos tóxicos/teratogénicos dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos afetaram a população de duas maneiras: diretamente, por meio da indução de mutações nas células germinativas da espécie, e por meio de uma redução drástica da população (efeito gargalo), cuja densidade observada hoje se recuperou por meio de acoplamentos consanguíneos, potencializando genótipos deletérios na prole”, lê-se no resumo do estudo.
Segundo um artigo da revista brasileira Terra, os resultados do estudo mostram que encontraram cavalos-marinhos com: escoliose/lordose; focinho deformado; boca deformada; edema ocular; olho faltando; olhos em roseta; edema do saco vitelínico; e nanismo.
“Foi encontrada uma separação clara e absoluta entre todos os descendentes da área impactada com malformação ou dano deletério total (abortados) versus nenhuma malformação na área de controle. Vale ressaltar que os cavalos-marinhos se reproduziram em condições controladas de laboratório, livres de contaminantes na água; mesmo assim, os descendentes da Ilha de Cocaia apresentaram malformações nos seis eventos reprodutivos monitorados, evidenciando o efeito do derramamento de óleo gerando uma alta frequência de malformações”, detalha trecho do artigo citado pela Terra. No entanto, não ficou totalmente provado que este acontecimento foi originado pelo derramamento de petróleo até porque como estão no porto também ficam sujeitos a elevados níveis de toxicidade.