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Metade das emissões de CO2 vêm de 36 empresas, revela pesquisa

Um estudo recente do Carbon Majors, divulgado pelo The Guardian revela que 36 empresas de combustíveis fósseis são responsáveis por metade das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) desde o início da era industrial.

A investigação, conduzida por uma equipa internacional de cientistas e ambientalistas, destaca o papel central dessas corporações na crise climática e reforça a necessidade de políticas mais rigorosas para limitar suas operações e transicionar para fontes de energia renovável.

De acordo com o estudo, as emissões cumulativas dessas empresas entre 1854 e 2023 totalizaram mais de 1,2 trilhão de toneladas de CO2, o equivalente a 50% de todas as emissões industriais no período.

Entre as empresas listadas estão gigantes do setor petrolífero, como Saudi Aramco, Chevron, ExxonMobil e BP, além de produtoras de carvão e gás natural. A Saudi Aramco, controlada pelo governo da Arábia Saudita, lidera o ranking, sendo responsável por sozinha por 4,38% das emissões globais.

O relatório também aponta que, apesar de os compromissos públicos assumidos por muitas dessas empresas em reduzir as suas emissões e adotar práticas mais sustentáveis, a maioria continua a investir pesadamente em exploração e produção de combustíveis fósseis.

Segundo os investigadores, isso demonstra uma desconexão entre o discurso corporativo e as ações concretas, o que coloca em risco as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Impactos globais e responsabilidades

O estudo não apenas quantifica as emissões históricas, mas também traça uma linha direta entre as atividades dessas empresas e os impactos climáticos atuais, como ondas de calor extremas, furacões mais intensos e o aumento do nível do mar.

Os autores argumentam que essas corporações têm uma “responsabilidade moral e financeira” em contribuir para a mitigação dos danos causados pelas mudanças climáticas, especialmente em países mais vulneráveis, que sofrem desproporcionalmente os efeitos do aquecimento global.

Além disso, a pesquisa questiona a narrativa de que a responsabilidade pelas emissões recai apenas sobre os consumidores individuais.

Embora mudanças no estilo de vida sejam importantes, os dados mostram que a maior parte do problema está concentrada nas operações de um pequeno grupo de empresas.

Isso sugere que a solução para a crise climática passa necessariamente por uma regulação mais forte e por uma transição energética liderada por políticas públicas e investimentos em energia limpa.

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Principais fontes emissoras de carbono e emissões globais de CO2 (1854-2023)

Caminhos para o futuro

O relatório reforça a urgência de ações concretas para reduzir a dependência global de combustíveis fósseis. Entre as medidas sugeridas estão a implementação de taxas sobre carbono, a proibição de novos projetos de exploração de petróleo, carvão e gás, e o direcionamento de subsídios governamentais para energias renováveis. Os autores também defendem que as empresas listadas no estudo devem ser legalmente responsabilizadas pela sua contribuição histórica para as mudanças climáticas, incluindo a compensação de comunidades afetadas.

Enquanto isso, a pressão sobre governos e corporações aumenta. Movimentos ambientalistas e organizações não governamentais têm utilizado estudos como este para exigir transparência e accountability das empresas de combustíveis fósseis.

A divulgação destes dados pode servir como um catalisador para mudanças políticas e sociais, especialmente em um momento em que a crise climática se torna cada vez mais visível e urgente.

Tabela 1: As 20 principais entidades de carbono por emissões (1854–2023)

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Observação: os valores totais de emissões na tabela acima incluem emissões fugitivas de metano em unidades equivalentes a MtCO 2 ; no entanto, apenas os valores totais de CO 2 são considerados no cálculo da porcentagem de emissões totais de combustíveis fósseis e cimento de uma entidade. O top 20 inclui 16 empresas e 4 estados-nação: a produção de carvão da antiga União Soviética, China e Polônia, bem como a produção de cimento da China. Entre as empresas, 9 são estatais e 7 são de propriedade de investidores, com os Estados Unidos (4 empresas), o Reino Unido (3 empresas) e a China (2 empresas) tendo a maior representação. Fonte: https://carbonmajors.org/briefing/The-Carbon-Majors-Database-2023-Update-31397

Síntese

O estudo Carbon Majors, divulgado pelo The Guardian é um alerta contundente sobre o papel central das empresas de combustíveis fósseis na crise climática. Ao identificar as 36 corporações responsáveis por metade das emissões globais de CO2, a pesquisa não apenas expõe a magnitude do problema, mas também aponta caminhos para a solução. A transição para uma economia de baixo carbono é inevitável, mas a sua velocidade e eficácia dependem da vontade política e da pressão pública para que essas empresas sejam responsabilizadas e para que alternativas sustentáveis sejam priorizadas. O futuro do planeta, afinal, depende das escolhas feitas hoje. In EcoDebate.

Artigo atualizado dia 12 de março às 14:23

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