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O mito do tubarão assassino

Um novo estudo sugere que num total de 322 dentadas de tubarões em humanos, estas aconteceram quando se sentiram ameaçados reagindo em autodefesa

Quem não se recorda do filme o Tubarão realizado por Steven Spielberg em 1975? Decerto que mesmo que não o tenha visto conhece a história do gigante tubarão branco que atacava os banhistas numa praia. A verdade é que se ouvisse alguém a gritar “tubarão” e se estivesse a nadar decerto a sua adrenalina disparava e você tentaria fugir o mais rápido possível para terra. Esta é sempre a imagem dos filmes, no entanto segundo o El País, a sua má reputação é desproporcional ao número de ataques que eles perpetram contra humanos. Cerca de 100 dentadas são registradas anualmente no mundo todo, e 10% delas são fatais. 

No entanto, um novo estudo “A lei de talião “dente por dente”: a autodefesa como motivação para os ataques de tubarão a humanos”, publicado na Frontiers, explica que os ataques de tubarão são reações de autodefesa. Estes acontecem quando geralmente os humanos os provocam durante atividades como pesca subaquática e manejo de armadilhas de peixes, ou seja, há motivações como competição, territorialidade e dominância e também medo, claro! Daí que as mordidas registadas, cerca de 80% são geralmente superficiais —  com pouco rasgo de carne e raramente são fatais. Apenas 20% foram graves. O estudo explica que quando os ataques são motivados por alimentação, costumam ser fatais e envolve a retirada de grande parte de tecido.

Além disso, os tubarões piscíveros.— que se alimentam só de peixes, tendem a causar ferimentos mais sérios. Segundo o estudo, os ataques de auto-defesa não foram documentados em espécies muito grandes, caso do tubarão-branco, tubarão-tigre ou tubarão-touro, provavelmente porque os humanos raramente conseguem “agredir” tubarões desse porte.

Os autores referem que os ataques são precedidos a comportamentos de aviso:

  1. Nado arqueado;
  2. Abaixamento das nadadeiras peitorais;
  3. Movimento das brânquias;
  4. Abertura da boca.

As descobertas foram publicadas no jornal Frontiers in Conservation Science e indicam que um total de 322 mordidas ocorridas em todo o mundo podem ter sido motivadas por legítima defesa, com uma taxa de mortalidade de 3,2%. “Elas são principalmente infligidas por espécies de tubarões costeiros de médio porte (menos de 3 metros de comprimento), como o tubarão de pontas pretas ( Carcharhinus melanopterus ), tubarão cinzento de recife ( Carcharhinus plumbeus ), tubarão-lima-de- barbatana curva (Negaprion acutidens), por tubarão-enfermeiro-pardo (Nebrius ferrugineus) e por tubarão-de-pontas-brancas-do-recife (Triaenodon obesus)”, lê-se no estado aberto.

Segundo o El País para algumas culturas, como na Polinésia, os tubarões são considerados animais sagrados ou tāura-totem e guardiões das ilhas. “Eles são navegadores que desempenham um papel importante na vida e na cultura das pessoas. Essa perspectiva historicamente limitou sua exploração naquela parte do mundo.

“Os tubarões na Polinésia são protegidos, embora os pescadores locais nem sempre respeitem essas regulamentações. Em geral, as tradições das ilhas integram natureza e cultura, conectando os mundos espiritual e humano. Diz-se que todos os elementos marinhos são descendentes do deus Tangaroa , que permitiu a primeira vida nos atóis, ilhas em forma de anel afundadas no oceano e cercadas por recifes de corais”, explica a mesma fonte. No entanto, estão entre as criaturas mais ameaçadas do mundo.

Dados e Análises do estudo

  • Desde 2009, o CRIOBE (Centro de Pesquisa Insular e Observatório do Meio Ambiente) mantém uma base de dados de ataques de tubarões na Polinésia Francesa, com informações recolhidas de literatura científica, media, hospitais e entrevistas com vítimas.
  • Dados de 1942 a 2023:
    • 137 ataques documentadas no total.
    • 16 classificadas como de alta probabilidade de serem por autodefesa.
    • Todas as 16 ocorreram no arquipélago de Tuamotu.
  • Contextos das mordidas de autodefesa:
    • 43% ocorreram durante captura de tubarões em armadilhas de pesca.
    • 38% durante pesca submarina.
    • 19% em atividades como manipulação de tubarões para fotografia, recolha científica ou turismo.
  • Gravidade dos casos:
    • 3 casos graves:
      • Dois fatais:
        1. 1942 – pescador atacado por um tubarão-cinzento-do-recife que havia sido previamente ferido.
        2. 1977 – pescador que confundiu um tubarão-limão com uma espécie inofensiva e foi mortalmente mordido.
      • Um com amputação:
  • 1966 – pescador perdeu o braço após ser mordido por um tubarão-cinzento-do-recife.
  • A maioria das outros ataques resultou em ferimentos moderados a leves, necessitando cirurgia, mas não com risco de vida.

Como evitar ser mordido por um tubarão?

Segundo a Euronews deve-se evitar qualquer atividade que possa ser considerada agressiva. Isso inclui tentativas de ajudar tubarões encalhados, que podem ser mal interpretados pelos peixes grandes.

“Não interaja fisicamente com um tubarão, mesmo pareça inofensivo ou esteja em perigo. Ele pode, a qualquer momento, considerar isso uma agressão e reagir”, explica a mesma fonte.

Conhecer os tubarões costeiros também é importante. Para algumas espécies, como o tubarão-cinzento-de-recife, com a sua mentalidade territorial, a simples invasão humana do seu espaço pode desencadear seu instinto de sobrevivência. 

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