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O que é o Antropoceno?

Decerto já ouviu este termo perceba porque é importante mesmo sem uma definição geológica formal

Nas últimas sete décadas, a Terra tem estado a funcionar de formas sem precedentes, levando muitos investigadores a argumentar que entrámos numa nova época geológica conhecida como Antropoceno. Este é, portanto, o termo usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente da história do Planeta Terra. Até agora ainda não havia uma data precisa sobre o seu início, contudo, este estudo da nature aponta para 1952.

Os autores sublinham que faz sentido delimitar com precisão o início do Antropoceno nesta data. Esse ano não só marca o aumento proeminente da queda de radionuclídeos artificiais em torno da Terra a partir de testes de bombas de hidrogénio, observam, mas coincide também com muitas outras mudanças, como o aparecimento de plásticos e muitos outros compostos novos e o rápido crescimento de gases de efeito estufa, bem como mudanças sociais, económicas e políticas generalizadas à medida que o mundo do pós-guerra entrou num período de crescimento sem precedentes.

No entanto, como refere o estudo, a 5 de março de 2024, a Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS) — o órgão responsável por definir unidades de tempo geológico — anunciou que rejeitava a proposta após 15 anos de discussões para formalizar o Antropoceno como uma época geológica que representa um intervalo de impacto humano avassalador no planeta. A Subcomissão de Estratigrafia Quaternária (SQS) da ICS iniciou esse processo em 2009 ao criar um grupo de trabalho do Antropoceno (AWG), que representamos. O objetivo do AWG era esclarecer se havia evidências suficientes para formalizar o Antropoceno, um processo que envolve a identificação de um ponto de partida preciso em uma camada geológica específica, ou estrato.

“Embora possa não ter sido formalmente aceite na escala do tempo geológico, o Antropoceno é real e os seus efeitos alteraram de forma drástica e irrevogável as condições de vida no nosso planeta”, afirma Julia Adeney Thomas, professora de História na Universidade de Notre Dame. “Deve, portanto, ser tratada como uma nova época de facto da história da Terra”.

Este argumento está no cerne de um artigo publicado na revista Nature e da autoria de Thomas, Jan Zalasiewicz e Colin Waters da Universidade de Leicester, Simon Turner da University College London e Martin Head da Brock University.

O artigo foi também co-assinado por mais de 50 outros investigadores representando muitas disciplinas e institutos diferentes de todo o mundo. Este resume as provas de alterações físicas, químicas e biológicas maciças no planeta, incluindo o rápido aquecimento do clima.

“Durante muitos milhares de anos, grandes populações humanas coexistiram com condições planetárias relativamente estáveis e deixaram vestígios abundantes da sua existência e dos seus impactos ambientais”, explica Julia Thomas.

“Mas o planeta está agora muito diferente e o significado destas mudanças vai muito além das ciências da Terra, afectando as ciências sociais, as humanidades e as artes -— formando um contexto agora permanente para o trabalho dos planeadores e decisores”.

“A aceitação generalizada de uma tal definição permitiria uma análise mais precisa dos muitos fenómenos associados ao Antropoceno e permitiria uma comunicação clara”, afirmou Thomas.

“O Antropoceno pode ter sido rejeitado pela Comissão Internacional de Estratigrafia – por enquanto. Mas está demasiado vivo no mundo real, e devemos reconhecê-lo”.

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