População da espécie caiu para apenas 13 indivíduos devido à introdução de espécies invasoras e às alterações climáticas
A organização norte-americana Center for Biological Diversity processou a administração Trump por ter atrasado a aplicação de proteções urgentes ao abrigo da Lei das Espécies Ameaçadas (Endangered Species Act) para o tritão do Lago Crater, uma subespécie que vive exclusivamente neste lago situado no estado do Oregon, EUA. A população da espécie sofreu um colapso alarmante, tendo sido detetados apenas 13 exemplares em 2024.
A principal ameaça à sobrevivência destes pequenos anfíbios advém da introdução, no final do século XIX, de peixes no lago com o objetivo de atrair turistas. Em 1915, foram ainda introduzidos lagostins-da-cascata (conhecidos como lagostins de sinal) como fonte de alimento para os peixes. Ambas as espécies predam os tritões, mas foi o aumento das temperaturas no lago, causado pelas alterações climáticas, que provocou a explosão da população de lagostins e um declínio devastador na população de tritões.
“Os tritões do Lago Crater estão à beira da extinção, e se o governo continuar a adiar a sua proteção, será extremamente difícil conseguir recuperar esta espécie em perigo”, afirmou Chelsea Stewart-Fusek, advogada especializada em espécies ameaçadas no Center for Biological Diversity. “Estes pequenos tritões fazem parte do que torna o Lago Crater especial para os habitantes do Oregon e para os centenas de milhares de visitantes anuais. Eles merecem ser protegidos.”
Após um pedido legal apresentado pela organização em 2023, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (U.S. Fish and Wildlife Service) reconheceu que o tritão do Lago Crater pode qualificar-se para proteção federal. No entanto, até ao momento, nenhuma medida concreta foi adotada. Segundo o Center, os cortes orçamentais levados a cabo pela administração Trump têm dificultado a recuperação da vida selvagem ameaçada e a preservação dos ecossistemas do Parque Nacional do Lago Crater.
Ao contrário do tritão-de-pele-rugosa — espécie da qual o tritão do Lago Crater é uma subespécie — que produz uma neurotoxina potente para dissuadir predadores, o tritão do Lago Crater não desenvolveu qualquer mecanismo de defesa, por estar originalmente adaptado a ser o predador de topo na cadeia alimentar aquática do lago.
Atualmente, os lagostins ocupam mais de 95% da linha costeira do lago e os cientistas estimam que esta ocupação possa atingir 100% dentro de dois anos. Para além da predação direta, os lagostins competem com os tritões pelo mesmo tipo de alimento — invertebrados aquáticos. Estudos realizados em 2023 identificaram apenas 35 tritões, número que caiu para 13 no ano seguinte.
A presença massiva dos lagostins também está a afetar a clareza lendária do Lago Crater — um dos lagos mais profundos e límpidos do mundo. Ao alimentarem-se de invertebrados que consomem plâncton, os lagostins promovem o crescimento de algas, comprometendo a visibilidade cristalina da água.
Se os tritões forem protegidos ao abrigo da Lei das Espécies Ameaçadas, será possível mobilizar fundos federais para criar um programa de reprodução em cativeiro e controlo dos lagostins invasores.
“Estamos a atravessar uma crise de biodiversidade provocada por ações governamentais de curta visão”, acrescentou Stewart-Fusek. “Quase metade dos anfíbios do mundo está em risco de extinção, sendo que a situação é ainda mais grave para salamandras e tritões — com três em cada cinco espécies ameaçadas. Temos de agir com urgência e compreender que o que prejudica a vida selvagem, prejudica-nos também a nós.”
Petição aqui