A sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) assina na terça-feira um protocolo para envolver os proprietários privados da área da Paisagem Cultural de Sintra na estratégia de combate à vespa asiática, espécie exótica predadora que desequilibra ecossistemas.
“A Parques de Sintra vai integrar os proprietários privados de áreas inseridas na Paisagem Cultural de Sintra na sua estratégia de monitorização e combate à vespa velutina, também conhecida como vespa asiática”, indicou, numa nota, a PSML.
Esta espécie exótica, acrescentou a empresa de capitais públicos que gere os parques e monumentos na zona património mundial da UNESCO, apresenta um “comportamento invasor no território português”, atua “como predadora de insetos polinizadores e desequilibra os ecossistemas”.
No sentido de combater a vespa asiática, a PSML assina um protocolo de colaboração, na terça-feira, a partir das 10:00, com a Associação de Proprietários de Quintas da Serra de Sintra (APQSS), após uma sessão de esclarecimento no auditório do Palácio de Monserrate.
A empresa instalou “uma rede de armadilhas nas áreas sob a sua gestão e vai, agora, alargá-la às propriedades privadas, cedendo armadilhas e fornecendo o apoio necessário à sua instalação e utilização”, adiantou a sociedade.
“O estabelecimento de parcerias com associações locais é fundamental para podermos levar a cabo projetos com impacto positivo para a toda a comunidade. Com esta iniciativa, há mais 14% de território integrado na Paisagem Cultural de Sintra que passa a contar com controlo e monitorização da vespa asiática”, referiu João Sousa Rego, presidente da PSML, em declarações enviadas à Lusa.
A iniciativa, prosseguiu, “é fundamental para reduzir a capacidade de predação desta espécie, minimizando o seu impacto na biodiversidade e promovendo a sustentabilidade dos ecossistemas”.
A vespa asiática foi detetava no Parque da Pena em 2019, instalando-se no ano seguinte 28 armadilhas, com uma equipa dedicada e inspeções quinzenais para aferir capturas, posteriormente ampliadas com o contributo dos apicultores locais, com mais 20 armadilhas na área florestal, sobretudo nas Tapadas e no Perímetro Florestal da Serra de Sintra.
Este ano, foram instaladas mais 10 armadilhas em pontos críticos e capturadas “cerca de duas mil vespas asiáticas, com maior incidência” em maio e setembro, situando-se as armadilhas mais ativas na Vila Sassetti, no Castelo dos Mouros e em Monserrate, revelou o responsável.
“Vamos trabalhar para envolver cada vez mais parceiros neste projeto que a todos beneficia”, assegurou João Sousa Rego, sendo que o protocolo permitirá instalar mais 17 armadilhas nas áreas de “maior sensibilidade ecológica”.
Com esta ação, aos 460 hectares já monitorizados pela PSML, que correspondem a 48% da Paisagem Cultural, vão juntar-se mais 130 hectares, cerca de metade do total da área detida pelos membros da APQSS.
“As quintas, pela sua extensão, localização e limitações que lhes são impostas, em termos de gestão urbanística e desenvolvimento de atividades económicas, necessitam de apoio, de parcerias”, salientou à Lusa a presidente da APQSS, Rita de Castro Neto.
A proprietária considerou que “a gestão da paisagem, a sua preservação e a sua sustentabilidade só é possível se for integrada e concertada” e defendeu “uma efetiva integração de todas as partes interessadas para a definição de ações de conservação” e desenvolvimento, que permitam adotar “medidas mitigadoras dos riscos” como a vespa asiática.
“A vespa velutina foi detetada pela primeira vez em Portugal em 2016 e rapidamente se disseminou pelo território nacional, com consequências graves para o ambiente e para a biodiversidade”, salientou a PSML, destacando que a “forte predação de insetos polinizadores”, em especial abelhas, “reduz as populações destes insetos que são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas”.
Em termos de saúde pública, a vespa asiática “é uma espécie agressiva quando incomodada, o que constitui um perigo para a segurança de pessoas e animais”.
LUSA


