Sabe-se que os dinossauros rugiam… ou pelo menos pensava-se que sim. Mas e se alguns cantassem? Um novo estudo publicado na revista Communications Biology acaba de dar voz — literalmente — ao Pinacosaurus grangeri, um pacato ankylossauro do Cretáceo que pode muito bem ter sido o “canário” jurássico.
O estudo, com o imponente título “A larynx of a non-avian dinosaur and implications for bird-like vocalization” (em português tradução livre: “A laringe de um dinossauro não-aviano e as implicações para vocalização ao estilo das aves”), traz a lume um achado inédito: a primeira laringe fossilizada de um dinossauro. E não é só uma relíquia cartilaginosa qualquer — trata-se de uma laringe com traços surpreendentemente parecidos com os das aves modernas. Ou seja, talvez o Pinacosaurus não rugisse… talvez trinasse!
Uma laringe jurássica com pinta de pássaro
O Pinacosaurus era um tanque blindado com patas — cheio de placas, espinhos e cara de mau da fita. Mas afinal, por dentro, era um doce. Ou pelo menos um cantor. A sua laringe, composta por cricoide e aritenoide , apresenta uma estrutura firme e móvel, muito parecida à das aves.
Tal como os passarinhos que nos acordam de madrugada sem convite, este dinossauro podia modular a voz, o que o tornava um potencial cantor — ou pelo menos, um comunicador muito mais expressivo do que os seus primos que só conseguiam fazer “grrrr”.
O primeiro karaokossauro?
Os investigadores não chegaram ao ponto de afirmar que o Pinacosaurus cantava fado ou imitava o som de telemóvel dos rouxinóis, mas os indícios são claros: tinha uma laringe especializada, provavelmente usada não para produzir som como um crocodilo, mas para modificá-lo — como um equalizador vocal de última geração.
Ainda não foi encontrada uma “siringe” (o verdadeiro órgão vocal das aves), mas este dinossauro já tinha tudo afinado para o microfone.
Uma nota científica (sem desafinar)
A laringe é rara nos fósseis porque é normalmente cartilaginosa — ou seja, desfaz-se com o tempo como gelatina ao sol. Mas no caso do Pinacosaurus, ela estava tão bem preservada que os cientistas puderam reconstruí-la em 3D. Resultado? Uma estrutura robusta, quase teatral, com articulações e saliências que nos deixam a pensar: e se os dinossauros tinham vozes únicas, como os humanos?
Seja como for, este achado marca a primeira vez que um fóssil de laringe de um dinossauro não-aviano foi identificado com este nível de detalhe. Um verdadeiro solo arqueológico.
Da pré-história para os palcos?
Ainda não sabemos se o Pinacosaurus cantava ópera ou só gritava “sai da minha toca!”, mas uma coisa é certa: este dinossauro tinha cordas vocais com potencial. Pode ter sido o primeiro barítono blindado do Cretáceo.
Quem diria que, sob toda aquela armadura, se escondia um verdadeiro artista? E para terminar a história com um pouco de humor… Se o Pinacosaurus cantava, então qual seria a sua música de eleição? Vamos brincar, que tal “Jurassic Rhapsody”? “I Will Survive (the Meteor)”?