O Brasil ainda alberga esta espécie, principalmente na Amazónia e no Pantanal, porém corre sérios riscos em biomas como a Mata Atlântica e a caatinga
A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas, o terceiro maior do mundo, apenas atrás do tigre e do leão. É conhecida também como jaguar. É um predador de topo e reina onde vive e têm a mordida mais poderosa entre os felinos. São 100% carnívoras e essenciais para equilibrar o ecossistema onde vivem. É um animal crepuscular, ou seja, gosta de atacar durante a noite e ao amanhecer. Tem uma coloração amarelo-dourada e pintas na cabeça, patas e pescoço. O padrão das pintas é único para cada animal, mas perfeito para se camuflar no interior da mata.
São grandes, o peso varia entre 65 e 100 kg, mas no Pantanal já encontraram machos com 148 kg, sendo neste bioma geralmente mais robustos, talvez por terem acesso a mais presas e a vegetação ser mais aberta. Já na Mata Atlântica e na Amazónia, os indivíduos são menores e mais esguios, permitindo-lhes circular melhor na mata mais fechada. Quanto ao comprimento, do focinho até à ponta da cauda, podem medir 2,5 metros.
Apesar de já ter sido extinta em diversos lugares, o Brasil abriga cerca de 50% das populações. Segundo a Agência Brasil, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazónia mostra que áreas protegidas da Floresta Amazónica são o principal refúgio para as onças-pintadas. Os investigadores mapearam populações de onça-pintadas em 22 áreas protegidas da Amazónia, com 40 câmeras instaladas em parques nacionais, reservas extrativistas e terras indígenas no Brasil, Equador, Peru e Colômbia. As áreas monitorizadas foram escolhidas para garantir a representatividade de todos os tipos de ecossistemas amazónicos, como florestas de terra firme, igapós e várzeas, em diferentes altitudes, médias de temperatura e níveis de pressão humana.
Segundo o artigo, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o Amazonas, registou uma concentração de quase dez onças por 100 quilómetros quadrados, totalizando 1.180 fotografias, sendo a maior concentração da espécie encontrada na área de estudo, com um índice comparável aos registrados no Pantanal, que concentra uma média de doze onças por 100 quilómetros quadrados.
O estudo também buscou entender a relação entre os tipos de floresta e a população de onças. Segundo as imagens capturadas, a espécie habita com mais frequência as áreas de várzea, que concentram maior quantidade de alimentos e facilitam a locomoção. Os cientistas indicam que locais com grande presença de humanos forçam-nas a percorrerem áreas maiores, para garantirem o acesso a quantidades adequadas de alimento.
Os investigadores ressaltam a importância da destinação das chamadas “florestas públicas não destinadas” como parte da sua proteção. Hoje, essas terras somam 56,6 milhões de hectares, mesma área de Espanha. Aguardam pela definição de uso e estão a sofrer cada vez mais com a falsificação de documentos de posse de terra. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazónia revela que, entre 2019 e 2021, cerca de 51% do desmatamento ocorreu em terras públicas, sendo as florestas públicas não destinadas as mais atingidas.
Parte deste texto foi gentilmente cedido pela Agência Brasil