#PorUmMundoMelhor

Sustentix

Produtos químicos para tratar pulgas e carraças estão a matar pássaros que fazem ninho com pelo

As taxas de mortalidade das aves estão a aumentar devido a químicos de tratamentos para animais de estimação encontrados nos ninhos

Uma investigação divulgada pela Universidade de Sussex, revelou que os produtos químicos de tratamento contra pulgas em animais domésticos estão a contaminar a vida selvagem. Segundo o estudo estes estão a passar para os ninhos de aves forrados com pelos de animais provocando com isso um aumento da taxa de mortalidade das crias. O novo estudo mostra que o pelo que as aves utilizam para construir o revestimento interior dos seus ninhos contém substâncias químicas, como o fipronil.

Os investigadores recolheram 103 ninhos de chapins-azuis e chapins-reais que estavam forrados com pelo. A equipa testou 20 produtos químicos no total e detetaram 17 dos 20 inseticidas analisados. Os produtos químicos mais comuns incluíram o fipronil, encontrado a 100% e este foi proibido na UE para utilização agrícola em 2013, depois 89% continham imidaclopride, que também foi proibido na UE como produto fitofarmacêutico em 2018 e encontraram ainda permetrina, igualmente presente em 89% das amostras.  Os investigadores encontraram provas claras de que estes inseticidas são prejudiciais para as aves, isto porque os ninhos com maior concentração de inseticidas tiveram um maior número de ovos não eclodidos ou de crias mortas. Os investigadores apelam ao governo para que reavaliem o risco ambiental dos pesticidas utilizados nos tratamentos contra pulgas e carraças.

67913ea7503e4ce2f5cddf73 67913e405273d983b77b84cf young great tits 238675220pixabay (1)

“Nenhum ninho estava livre de inseticidas no nosso estudo, e esta presença significativa de produtos químicos nocivos pode estar a ter consequências devastadoras para as populações de aves do Reino Unido”, disse em comunicado Cannelle Tassin de Montaigu, Investigadora e Associada da Universidade de Sussex e principal autora do estudo, continuando “a nossa investigação mostra que, com base nos produtos químicos detetados, os medicamentos veterinários contra pulgas e carraças são a fonte mais provável de contaminação. Realizámos a nossa investigação quando era seguro fazê-lo, no final da época de reprodução, pelo que o problema poderia, de facto, ser muito pior. Isto levanta questões sobre o impacto ambiental dos medicamentos veterinários e exige uma avaliação exaustiva dos riscos ambientais dos tratamentos veterinários”.

Os produtos químicos são frequentemente aplicados aos animais de companhia e aos animais domésticos como tratamento contra as pulgas, sob a forma de champôs, tratamentos pontuais e sprays. Com a população de gatos (10,9 milhões), cães (10 milhões) e gado (163,1 milhões) só no Reino Unido, existe um risco substancial de estes tratamentos entrarem no ambiente.

Embora nem todas as espécies de aves utilizem o pelo para a construção dos ninhos, uma investigação anterior (University College Dublin e University of Aberdeen, 2020) mostrou que 74% das espécies de aves florestais da Europa Central revestem os seus ninhos com pelo.

Dave Goulson, da Universidade de Sussex, juntamente com investigadores do Imperial College de Londres, realizou uma investigação publicada em 2024, que revelou que os pesticidas dos tratamentos contra pulgas escorrem pelos esgotos domésticos quando os donos dos animais de estimação lavam as mãos, poluindo os nossos rios e excedendo os limites de segurança para a vida selvagem. Esta última investigação demonstra ainda mais os danos destes insecticidas no nosso ambiente e na vida selvagem, bem como a importância de regulamentar os medicamentos veterinários para parasitas.

“Somos uma nação de amantes de animais de estimação e de aves, e é extremamente preocupante ver os níveis alarmantes de pesticidas tóxicos em ninhos de aves provenientes de medicamentos veterinários. Os donos de animais de estimação ficarão perturbados ao saber que, ao tentarem fazer o que está certo para ajudar os seus animais de estimação com pulgas e carraças, podem estar a prejudicar o nosso ecossistema, resultando em pássaros recém-nascidos mortos e ovos não eclodidos. Como donos de animais de estimação, precisamos de ter a certeza de que estamos a manter os nossos animais bem, sem impactos devastadores na nossa vida selvagem”, salienta Sue Morgan, Diretora Executiva da SongBird Survival.

“As aves canoras do Reino Unido estão em crise. Mais de metade estão ameaçadas ou já em declínio, razão pela qual esta última investigação mostra a importância de tomar medidas o mais rapidamente possível. Queremos que o governo efectue uma avaliação mais abrangente do risco ambiental dos medicamentos veterinários”.

A Associação Veterinária Britânica recomenda que os veterinários evitem políticas de tratamento de pulgas e carraças durante todo o ano e, em vez disso, sugerem que os veterinários individuais tenham discussões informadas com os seus clientes para avaliar o risco quando estes tratamentos são necessários, tendo em conta os riscos para a saúde animal, humana e ambiental, além dos factores de estilo de vida.

Em destaque

  • All Posts
  • Agenda
  • Agricultura
  • Ambiente
  • Análise
  • Biodiversidade
  • Ciência
  • Curiosidades
  • Dinheiro
  • Empresas
  • Entrevista
  • ESG
  • Estudo
  • Finanças
  • Finanças Verdes
  • Inovação
  • Inovação Social
  • Internacional
  • Opinião
  • Pescas
  • Pessoas
  • Psicologia
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Social
  • Start ups
  • Tecnologia
  • Tendências
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.
Receba as notícias diretamente no seu email. Assine a nossa newsletter mensal.