Ontem foi o dia de Santo António, o casamenteiro e Lisboa encheu-se de sardinhas, manjericos e promessas de amor eterno. Mas o que poucos sabem é que, mesmo longe dos arraiais, a natureza também tem os seus casais românticos — e até bem mais fiéis do que muitos humanos.
De danças eternas a uniões literais, alguns animais vivem relacionamentos duradouros e surpreendentes. Selecionámos alguns exemplos curiosos de amor animal para celebrar este 13 de junho com uma boa dose de ternura… e ciência.
Albatroz: amor à distância (mas para sempre)

Os albatrozes formam casais monogâmicos que duram toda a vida. Mesmo separados por milhares de quilómetros durante as migrações, reencontram-se todos os anos graças a rituais complexos de dança e vocalização. Alguns albatrozes dançam durante anos antes de escolher um parceiro definitivo. Afinal, dar o nó não é tarefa fácil e singela.
Pinguins imperador: parceria em gelo e sacrifício

Enquanto a fêmea parte para caçar, o macho do pinguim-imperador passa dois meses a incubar o ovo no frio polar, sem comer. Um exemplo de compromisso e cooperação total. É preciso muita resiliência e amor para suportar tal tarefa.
Cavalos‑marinhos: o macho que engravida

Neste casal peculiar, é o macho que carrega os ovos numa bolsa no ventre, fertiliza-os internamente e dá à luz. Durante a “gravidez”, o par reforça o vínculo com danças matinais e caudas entrelaçadas.
Cobras-liga: acasalamento em massa
No Canadá, dezenas de cobras macho disputam uma só fêmea recém-desperta da hibernação, formando bolas vivas de acasalamento que podem durar mais de 15 minutos. Após o acasalamento, o vencedor deixa uma espécie de tampão gelatinoso que inibe a aproximação de outros pretendentes.
Tamboril: fusão total
Nas profundezas do oceano, o macho do tamboril morde a fêmea ficando preso a ela. Com o tempo os seus corpos fundem-se, compartilhando até o sistema circulatório, tornando-se um apêndice reprodutivo. Ele perde os olhos, nadadeiras, dentes e boa parte dos seus órgãos internos. Ela alimenta-o, e ele fornece esperma sempre que necessário. Algumas fêmeas carregam vários machos acoplados.
Um abraço que dura meses

O amplexus é o nome latino que significa abraço e é o que acontece entre os anfíbios durante a fertilização. O macho envolve a fêmea com os braços para fertilizar os ovos à medida que esta os põe. Em algumas espécies andinas, esse contacto dura até quatro meses seguidos. Há quem diga que é o equivalente ao “abraço eterno”.
Bichos-pau: inseparáveis (literalmente)
Casais de bichos-pau indianos podem ficar acasalados por mais de 70 dias. Outras espécies da mesma ordem já foram observadas juntas por mais de 136 horas seguidas com múltiplos eventos reprodutivos. O objetivo é garantir exclusividade reprodutiva e afastar concorrência.
Bonobos: sexo como linguagem de paz

Os bonobos são primatas que usam o sexo para criar laços, resolver conflitos e aliviar tensões sociais. Entre carícias e brincadeiras, a proximidade emocional é fundamental para a harmonia do grupo.
Moral da história?
O amor — ou pelo menos o vínculo, o afeto e o cuidado mútuo — está por todo o lado. Santo António pode ser o padroeiro dos casais humanos, mas no mundo natural, tem muito por onde abençoar…