Um novo estudo publicado na revista Global Biogeochemical Cycles revela que ondas de calor e secas intensas reduzem a capacidade dos ecossistemas do sudoeste da Europa em absorver dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, agravando as mudanças climáticas na região.
A pesquisa, intitulada “Heat and Drought Events Alter Biogenic Capacity to Balance CO2 Budget in South-Western Europe”, analisou dados de fluxos de carbono e condições climáticas entre 2004 e 2020, mostrando que eventos extremos comprometem a função vital das florestas como sumidouros de carbono.

Mapa das Florestas da Europa
Impacto dos eventos extremos no balanço de CO₂
O estudo, disponível no link, destaca que períodos prolongados de calor e estiagem prejudicam a fotossíntese e aumentam a respiração das plantas, levando a uma menor absorção líquida de CO₂.
Em alguns casos, áreas que tradicionalmente atuavam como sumidouros de carbono podem temporariamente se tornar fontes de emissão, libertando mais CO₂ do que absorvem.
Os investigadores analisaram regiões como a Península Ibérica e o sul da França, onde florestas e vegetação mediterrânea são especialmente sensíveis ao stress hídrico.
Os resultados indicam que, em anos de seca extrema, a capacidade de sequestro de carbono pode cair drasticamente, com efeitos em cascata para os esforços globais de mitigação das mudanças climáticas.
Implicações para políticas climáticas
O estudo reforça a necessidade de estratégias de adaptação e gestão florestal mais robustas, especialmente num cenário de aumento da frequência de eventos climáticos extremos.
Os autores alertam que, sem medidas para aumentar a resiliência dos ecossistemas, o sudoeste da Europa pode enfrentar um declínio acentuado na sua capacidade de compensar emissões de gases de efeito estufa.
“Se as florestas perdem a sua eficiência como sumidouros de carbono, isso pode acelerar o aquecimento global, criando um ciclo vicioso de mais secas e incêndios florestais”, explica um dos autores.
Recomendações dos investigadores
Os investigadores defendem maior monitorização dos fluxos de carbono em tempo real e investimentos em reflorestamento com espécies mais resistentes às mudanças climáticas.
O estudo serve como um alerta para governos e agências ambientais sobre os riscos de subestimar o papel dos ecossistemas no combate às mudanças climáticas.
In Ecodebate