A conservação, a restauração e a gestão dos ecossistemas podem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa ou aumentar a captura de dióxido de carbono, em iniciativas conhecidas como soluções climáticas naturais. Estas soluções têm ganho destaque a nível global nos últimos anos, uma vez que poderão contribuir com mais de um terço da mitigação climática necessária para limitar o aquecimento global a menos de 2 °C até 2030.
Um estudo recente analisou os obstáculos sociais, políticos, informativos e económicos que impedem a implementação destas soluções em diferentes países, com base em dados de 352 artigos científicos revistos por pares. Trata-se de uma análise global, ao nível nacional, de um vasto conjunto de constrangimentos à aplicação das soluções climáticas naturais.
A barreira mais frequentemente identificada é a falta de financiamento. Outras limitações comuns incluem a escassez de informação sobre como gerir os ecossistemas para efeitos de mitigação climática, políticas públicas ineficazes e falta de interesse ou cepticismo por parte da população ou dos decisores.
No entanto, a combinação de obstáculos varia consoante o tipo de solução climática natural e o país em questão. Por exemplo, a proteção ou restauração de zonas húmidas – uma tarefa complexa – é muitas vezes travada pela falta de conhecimento, mais do que por insuficiência de fundos. Já a reflorestação pode ser limitada por receios de impactos negativos em termos de equidade: para os agricultores de subsistência, a reflorestação pode reduzir a disponibilidade de terras agrícolas, ameaçando os meios de subsistência e a segurança alimentar. Por outro lado, a proteção de florestas existentes enfrenta frequentemente dificuldades relacionadas com a falta de fiscalização eficaz.
Dado que todos os países estudados enfrentam múltiplos obstáculos à implementação das soluções climáticas naturais, os autores do estudo consideram improvável que o seu potencial seja totalmente concretizado a curto ou médio prazo. Para desbloquear esse potencial, será necessário promover colaborações entre sectores e disciplinas.
As cartas elaboradas pelos investigadores podem ser utilizadas para melhorar as estimativas do potencial de mitigação climática realista no curto prazo e apoiar soluções equitativas que reduzam o fosso entre o que é possível e o que está efetivamente a ser feito, através de abordagens integradas e adaptadas a cada contexto.


