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22 dos 34 “sinais vitais” do sistema terrestre atingem recordes históricos

Novo relatório científico alerta que o mundo está a entrar numa fase crítica da crise climática

O planeta Terra encontra-se num ponto de viragem perigoso. O mais recente relatório “The 2025 State of the Climate: A Planet on the Brink”, publicado na revista BioScience por uma equipa internacional de cientistas liderada por William Ripple e Christopher Wolf, traça um retrato alarmante da situação climática global: os “sinais vitais” do planeta estão a piscar a vermelho e a humanidade está a caminhar para um colapso ambiental sem precedentes.

2024: o ano mais quente da história

Segundo o relatório, 2024 foi o ano mais quente de que há registo, superando até os picos de calor de há 125 mil anos. Este marco marca o início de uma nova fase de instabilidade climática.
Atualmente, 22 dos 34 indicadores planetários monitorizados — que incluem temperatura, gelo polar, cobertura florestal e concentrações de gases com efeito de estufa — estão em níveis recorde.

Os cientistas alertam que o aquecimento global poderá estar a acelerar, impulsionado por três fatores principais:

  • a redução das partículas poluentes que antes mascaravam parte do aquecimento (efeito dos aerossóis);
  • fortes retroações nas nuvens, que estão a reter mais calor;
  • e um “escurecimento” do planeta, com menor capacidade de refletir a luz solar (redução do albedo terrestre).

Recordes atrás de recordes

Em 2025, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono ultrapassaram 430 partes por milhão — níveis nunca vistos em milhões de anos. O calor acumulado nos oceanos também atingiu valores históricos, resultando no maior evento de branqueamento de corais alguma vez registado, afetando 84% das áreas de recife em todo o mundo.

As calotes polares da Gronelândia e da Antártida Ocidental estão a perder massa a um ritmo sem precedentes, com sinais de que podem já ter ultrapassado pontos de não retorno, comprometendo o planeta a vários metros de subida do nível do mar nas próximas gerações.

Desastres climáticos em série

O relatório lista uma série de eventos extremos devastadores desde o final de 2024:

  • Incêndios na Califórnia (EUA), que causaram danos superiores a 250 mil milhões de dólares;
  • Inundações no Texas, que mataram pelo menos 135 pessoas;
  • Ciclones e tempestades tropicais na Ásia, Europa e África, com milhares de vítimas;
  • Ondas de calor letais na Índia, Paquistão e Europa, com temperaturas a ultrapassar os 49 °C.

Desde o ano 2000, os desastres climáticos já custaram ao mundo mais de 18 biliões de dólares, um número que continua a crescer à medida que o clima se torna mais instável.

Biodiversidade e sistemas em colapso

Mais de 3500 espécies animais estão agora em risco direto devido às alterações climáticas. O relatório destaca colapsos populacionais documentados em várias regiões e alerta que a perda de biodiversidade e a instabilidade climática estão intimamente ligadas.

Os cientistas sublinham também sinais de enfraquecimento da Circulação Meridional do Atlântico — um sistema de correntes oceânicas que regula o clima mundial — e alertam que o seu colapso poderia desencadear mudanças abruptas e irreversíveis em padrões de temperatura e precipitação.

Crise da água e risco de “Terra estufa”

As alterações no ciclo da água estão a agravar secas, cheias e conflitos pelo acesso a recursos hídricos. A disponibilidade de água potável está a tornar-se mais incerta, especialmente em regiões agrícolas e urbanas vulneráveis.
Os cientistas alertam ainda para o risco crescente de uma transição para uma “Terra estufa” — um estado de aquecimento autoalimentado que persistiria mesmo que as emissões fossem reduzidas no futuro.

Soluções ainda possíveis

Apesar do cenário sombrio, o relatório apresenta estratégias eficazes e economicamente viáveis para travar o pior. Entre as principais medidas estão:

  • Proteção e restauração de ecossistemas, incluindo florestas tropicais, mangais e zonas húmidas;
  • Transição rápida para energias renováveis, com eliminação gradual dos combustíveis fósseis;
  • Dietas mais vegetais e redução do desperdício alimentar, que representa até 10% das emissões globais;
  • Reforma dos sistemas económicos, reduzindo o consumo excessivo e promovendo modelos de “pós-crescimento” focados no bem-estar e na equidade social.

O poder dos pontos de viragem sociais

Os autores sublinham que a mudança não depende apenas de tecnologia, mas também de tipping points sociais — momentos em que normas e políticas se transformam rapidamente devido à ação coletiva. Estudos indicam que movimentos pacíficos envolvendo apenas 3,5% da população podem gerar mudanças profundas nas sociedades.

Conclusão: um apelo à ação e à justiça

O relatório termina com uma mensagem clara:

“Evitar cada fração de grau de aquecimento é crucial. Estamos a entrar num período em que apenas ações corajosas e coordenadas podem evitar resultados catastróficos.”

Os cientistas defendem que enfrentar a crise climática exige transformações sistémicas — desde estabilizar a população e reduzir o consumo até garantir justiça climática para as comunidades mais afetadas.
A humanidade ainda pode mudar o rumo, mas o tempo é curto. Como conclui o relatório:

“O futuro ainda está a ser escrito. Depende das escolhas que fizermos — em políticas, investimentos e na forma como cuidamos uns dos outros e do planeta.”

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