#PorUmMundoMelhor

Luís Cristino

Em 2025 ainda precisamos de cartazes eleitorais a poluir rotundas e passeios? As cidades não são outdoors…

Nas últimas semanas, basta dar uma volta por qualquer cidade para perceber: que de um dia para o outro, nascem cartazes como cogumelos. Cada esquina, cada rotunda, cada poste parece disputar espaço para anunciar candidatos. Não há já poluição visual, sonora e luminosa que chegue nas cidades?

O paradoxo é gritante. Vivemos na era das redes sociais, do digital e do streaming — onde os candidatos estão permanentemente presentes, a invadir os nossos feeds e ecrãs. Se a comunicação política se faz cada vez mais online, que sentido faz continuar a encher as nossas caixas do correio com panfletos e o espaço público com toneladas de cartazes que, passadas as eleições, acabam esquecidos, degradados e transformados em lixo?

E não falamos apenas de estética. Falamos de custos e de impacto ambiental. Só nas últimas eleições, as candidaturas em Portugal previram gastar 33,6 milhões de euros, sendo que até 25% desse valor foi destinado a propaganda física como cartazes, outdoors e telas conforme definido por lei. Certamente aqui seria necessário uma revisão. Onde se reduzisse este valor ou se obrigasse a utilizar materiais reciclados ou fomentar a economia circular.

O custo de cada outdoor pode ir dos 100€ a 1000€, mediante o material utilizado. Por isso basta chegar a uma mera rotunda e fazer contas. Como diria um politico nosso! Um custo que, semanas depois, não têm qualquer utilidade e transforma-se em resíduos.

E depois da ‘festa’, quem paga a limpeza? Quem os retira? Muitas vezes, são as autarquias. Porque infelizmente não há responsabilização efetiva de os retirar— a legislação prevê regras para a afixação, mas não define prazos claros para a remoção. 

Resultado: em muitas cidades e freguesias, os cartazes permanecem meses a fio, degradando-se e manchando a paisagem urbana.

Há também toda uma dimensão ambiental: impressão em larga escala, poluição visual, toneladas de plásticos, PVC, papel plastificado de uso único e que dificilmente serão reciclados e acabarão em aterros. Estamos a falar de milhares de peças descartáveis que invadem e impactam o ambiente sem acrescentar verdadeiro valor ao debate democrático.

Todo  nós comentamos que a política precisa de ser mais transparente, mais próxima e mais pedagógica. Investir em debates públicos, literacia política e explicar as medidas dos programas seria certamente mais útil para os cidadãos do que plantar cartazes como cogumelos.

As cidades não são outdoors de campanha — são o espaço onde vivemos. Está na hora de repensar a forma como comunicamos a democracia. No mínimo mais sustentável.

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