O aumento das temperaturas devido às alterações climáticas poderá estar a impulsionar um maior consumo de açúcar, sobretudo através de refrigerantes, sumos e gelados. A conclusão é de um estudo internacional publicado esta segunda-feira na revista Nature Climate Change, que analisou os hábitos de compra de famílias norte-americanas ao longo de 15 anos.
Segundo a investigação, entre os 12 °C e os 30 °C, quanto mais quente está o tempo, mais açúcar as pessoas tendem a consumir. Em média, por cada grau Celsius adicional nessa faixa de temperatura, o consumo de açúcares adicionados aumenta 0,70 gramas por pessoa por dia.
O fenómeno foi mais evidente entre os agregados de menores rendimentos ou níveis de escolaridade, o que, segundo os autores, levanta preocupações adicionais sobre desigualdades sociais em saúde e nutrição. “As alterações climáticas podem agravar o problema das dietas excessivamente ricas em açúcar, sobretudo em grupos mais vulneráveis”, referem os investigadores.
Com base em projeções de aquecimento global, o estudo estima que até 2095 o consumo diário de açúcar adicionado nos EUA poderá aumentar, em média, 2,99 gramas por pessoa — o equivalente a um cenário de aquecimento de 5 °C face aos níveis pré-industriais.
O consumo excessivo de açúcar está associado a obesidade, distúrbios metabólicos e outras doenças crónicas. Os investigadores defendem, por isso, que estas tendências devem ser consideradas nas estratégias de adaptação às alterações climáticas e nas políticas alimentares, de modo a proteger especialmente os grupos de maior risco.