Um grupo internacional de cientistas descobriu três novas espécies de peixes-caracol (família Liparidae) a mais de 3.000 metros de profundidade no oceano Pacífico, ao largo da Califórnia, Estados Unidos. Estes animais são conhecidos por habitarem desde águas pouco profundas até às zonas mais extremas do planeta, incluindo fossas oceânicas a mais de 8.000 metros, que correspondem a 50% da superfície da Terra.
A investigação, publicada na revista Ichthyology & Herpetology, resulta de expedições realizadas em 2019 com o submersível Alvin e o veículo remoto Doc Ricketts. Cada nova espécie foi identificada a partir de um único exemplar recolhido, mas analisada de forma minuciosa através de imagens, microtomografias (espécie de TAC em 3D para animais) e testes genéticos.
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Os três novos habitantes do abismo
Imagens de Careproctus colliculi, nova espécie, o Bumpy Snailfish, baseado no holótipo CAS-ICH 248611. Comprimento padrão 78,9 mm. (A) Desenho da vista lateral. Artista: Emily McMahon. (B) Fotografia de espécime recém-coletado. Fotografia de Gustav Paulay (usada com permissão). (C) Fotografia de espécime fixado em formaldeído a 4% e armazenado em etanol a 70%. Fotografia de Mackenzie Gerringer. Barra de escala 5 mm. (D) Vista lateral de microtomografia computadorizada (microtomografia computadorizada) do holótipo. Barra de escala 5 mm. Digitalização de Mackenzie Gerringer. (E) Desenho da vista ventral. Artista: Emily McMahon.
🔹 Careproctus colliculi
De cor rosada, este peixe destaca-se pela cabeça arredondada, olhos grandes e uma ventosa bem desenvolvida na barriga, que lhe permite fixar-se ao fundo marinho.
🔹 Careproctus yanceyi
Completamente preto, tem uma ventosa pequena e uma boca horizontal, distinta de outras espécies conhecidas. Os cientistas notam que o seu DNA é bastante diferente do de outros peixes-caracol, sugerindo que poderá pertencer a um ramo ainda pouco estudado desta família.
🔹 Paraliparis em
Corpo comprido, fino e também negro, não possui ventosa ventral — uma diferença importante em relação a outros peixes-caracol. O ânus encontra-se numa posição mais anterior do que o habitual. Geneticamente, está mais próximo de espécies encontradas no Índico e no nordeste do Pacífico.
Porque é que estas descobertas importam?
Os peixes-caracol são animais frágeis, sem escamas, que se adaptaram de forma notável a ambientes extremos — desde zonas costeiras frias até fossas oceânicas com pressões esmagadoras. Apesar de já serem conhecidas 450 espécies, muitas continuam por descobrir, especialmente entre os 3.000 e 5.000 metros de profundidade.
Segundo os autores do estudo, esta faixa do oceano tem sido pouco explorada, não porque faltem animais, mas porque os métodos de amostragem (como câmaras com isco ou redes de arrasto) raramente captam estes peixes discretos
Ciência em profundidade
Para estudar estas espécies, os investigadores extraíram pequenas amostras de tecido das barbatanas para análise genética. Compararam sequências do gene COI (usado como “código de barras” biológico) com dados de centenas de outras espécies. Além disso, usaram microtomografia computadorizada para observar estruturas internas sem danificar os exemplares — desde a forma dos ossos até o número de vértebras.
Os exemplares estão agora guardados em coleções científicas na Califórnia, disponíveis para futuras comparações.
Este texto foi escrito partindo do estudo original aqui.
