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Estudo alerta: ter um cachorro pode não trazer os benefícios de saúde mental esperados para toda a família

Um novo estudo publicado na revista científica PLOS One alerta que a chegada de um cachorro a casa não deve ser vista como uma solução garantida para melhorar a saúde mental da família. A investigação, conduzida por Rowena Packer e colegas do Royal Veterinary College, no Reino Unido, analisou as experiências de quase 600 adultos e crianças e concluiu que, embora a presença de um cachorro possa trazer alegria e conforto, também levanta desafios significativos.

Durante a pandemia de Covid-19, muitas famílias optaram por adotar cães, acreditando que estes poderiam ajudar no bem-estar emocional, sobretudo das crianças. Porém, a nova investigação mostra que esta motivação pode não corresponder à realidade.

O estudo reuniu respostas de 382 adultos e 216 crianças entre os 8 e os 17 anos. Tanto pais como filhos destacaram sentimentos de felicidade e companhia proporcionados pelos cães. No entanto, mais de um terço dos cuidadores principais afirmou que ter um cachorro foi mais difícil do que esperava. As dificuldades revelaram-se particularmente marcadas entre os donos de primeira viagem, que relataram mais problemas na gestão da relação entre crianças e cães.

Outro dado relevante prende-se com a distribuição do trabalho. Em 95% dos casos, as cuidadoras principais eram mulheres, sobretudo mães, que descreveram sentir-se frequentemente sobrecarregadas com as exigências do novo animal de estimação. Muitas referiram a dificuldade de conciliar os cuidados ao cachorro com as restantes responsabilidades familiares.

As crianças, por seu lado, reportaram não só sentimentos de alegria, mas também frustração perante alguns comportamentos dos animais, como a procura constante de atenção. Além disso, o estudo identificou que a maioria das crianças interagia com os cães de forma que poderia aumentar o risco de mordidelas, nomeadamente através de abraços e contacto físico muito próximo em momentos de tristeza ou solidão.

Para os investigadores, estes resultados demonstram a importância de preparar a chegada de um cachorro à família. Recomenda-se que os pais discutam antecipadamente a partilha das tarefas de cuidados com o animal e que frequentem aulas de treino canino que incluam formação sobre segurança para crianças.

“Quando se sentem aborrecidas ou tristes, muitas crianças procuram o cão para conforto, mas esse contacto pode ser demasiado intenso e causar stress ao animal, que pode reagir de forma defensiva”, alerta a investigadora Rowena Packer.

Já a veterinária Zoe Belshaw sublinha que a responsabilidade do cuidado diário recai, em grande medida, sobre as mães: “Embora os pais e as crianças possam ajudar em algumas tarefas, são sobretudo as mães que acabam por assumir o peso do trabalho contínuo. Muitas sentem-se esgotadas durante a fase inicial da vida do cachorro, numa forma de trabalho invisível que raramente é reconhecida.”

Os investigadores reforçam que a adoção de um cachorro deve ser uma decisão ponderada e partilhada, não apenas um impulso baseado na expectativa de benefícios emocionais imediatos.

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