Um novo estudo internacional revelou que os lagartos-comuns (Podarcis muralis), ou lagartixa dos muros que vivem em ambientes urbanos são mais tolerantes entre si e estabelecem laços sociais mais fortes do que os seus congéneres em habitats rurais.
Tradicionalmente conhecidos pelo seu comportamento territorial, estes répteis foram analisados em diferentes contextos — tanto em cidades como em zonas ricas em natureza. Os resultados mostram que, nos centros urbanos, a densidade populacional dos lagartos é mais elevada, mas os recursos disponíveis, como abrigo e alimento, estão distribuídos de forma irregular.
Face a estas condições, os investigadores observaram que os lagartos urbanos ajustaram as suas estratégias sociais: tornaram-se mais tolerantes e desenvolveram redes de relações sociais mais amplas e robustas. Evitar conflitos torna-se vantajoso, uma vez que, em espaços reduzidos e partilhados, lutar constantemente seria demasiado dispendioso em termos de energia e risco.
Através de análises de redes sociais — uma técnica habitualmente usada em estudos de comportamento animal —, a equipa conseguiu demonstrar que a vida na cidade pode aumentar a conectividade social até mesmo em espécies que, em condições normais, preferem manter distâncias.
Os autores sublinham que esta capacidade de ajustar o comportamento a novas pressões sociais é crucial para que algumas espécies consigam adaptar-se ao ambiente urbano, que continua a expandir-se a nível global.
Este trabalho, publicado na revista científica Biology Letters e divulgado pela Royal Society, constitui um dos primeiros a mostrar que a urbanização pode não apenas desafiar, mas também estimular a sociabilidade de animais tradicionalmente menos sociais.