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Cientistas mapeiam os estilos de navegação de cães e gatos selvagens

Um estudo liderado pela Universidade de Maryland que acompanhou mais de 1.200 animais em seis continentes desafia suposições de longa data sobre o movimento animal e tem implicações para a conservação e gestão de carnívoros mamíferos em risco globalmente

A investigação, publicada esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou dados de colares GPS colocados em 1.239 animais de 34 espécies de carnívoros, acompanhados ao longo de uma década e em seis continentes. Trata-se do maior estudo comparativo alguma vez feito sobre a ecologia do movimento destes predadores.

Cães seguem “estradas invisíveis”, gatos exploram livremente

Segundo os investigadores, os membros da família dos cães — como lobos, coiotes e raposas — demonstram uma tendência clara para criar e reutilizar rotas de deslocação dentro do seu território. Já os felinos selvagens — de linces a leopardos e leões — revelam padrões muito mais livres, com menor dependência de trajetos fixos.

“Descobrimos que as espécies de carnívoros usam o espaço de formas fundamentalmente diferentes”, explicou o biólogo William Fagan, autor principal do estudo e professor na Universidade de Maryland. “Os canídeos mostram-se muito mais estruturados, apoiando-se em rotas preferenciais que percorrem repetidamente.”

Esta diferença, acreditam os cientistas, terá raízes evolutivas. Os cães têm um olfato mais desenvolvido, o que lhes permite memorizar e reutilizar caminhos. Já os gatos dependem mais da exploração direta, adotando percursos menos previsíveis.

Modelos científicos postos em causa

Durante décadas, assumiu-se que os predadores se deslocavam de forma aleatória no seu território. Essa ideia era tão dominante que ficou incorporada nos modelos matemáticos usados para descrever o comportamento destes animais.

Contudo, os resultados agora publicados demonstram que muitos carnívoros constroem verdadeiras “autoestradas invisíveis” que utilizam repetidamente, alterando por completo a forma como os ecólogos deverão encarar os movimentos destes animais no futuro.

Implicações para a conservação

As conclusões têm consequências práticas importantes. “Compreender e antecipar a regularidade dos movimentos é crucial para prever encontros entre humanos e animais, mas também para organizar áreas de conservação e proteger espécies ameaçadas, incluindo contra a ação de caçadores furtivos”, destacou Fagan.

O estudo, que envolveu 177 colaboradores de todo o mundo, foi iniciado durante a pandemia de COVID-19 e contou com análises em paisagens partilhadas por cães e gatos selvagens. Os investigadores verificaram que, mesmo controlando fatores como tipo de vegetação ou presença humana, as diferenças entre famílias tornavam-se ainda mais evidentes.

Para Justin M. Calabrese, coautor sénior do estudo e investigador no centro alemão CASUS, “a magnitude e consistência destas diferenças é surpreendente, dada a enorme diversidade de espécies e habitats analisados”.

Além da relevância para a proteção da biodiversidade, os investigadores acreditam que os resultados poderão ajudar a compreender melhor fenómenos como a transmissão de doenças, os encontros entre predadores e presas e até as estratégias de acasalamento.

Estudo aqui

Densidades de cristas para canídeos e felinos para as nove paisagens nas quais pelo menos uma espécie de cada clado foi rastreada em conjunto (o conjunto de dados de paisagens compartilhadas; n = 219 indivíduos no total). Os símbolos sólidos são médias empíricas (IC de ± 95%), enquanto os símbolos abertos com borda preta (deslocamento inferior) indicam médias previstas pelo modelo estatístico para este conjunto de dados ( Apêndice SI , Tabela S3 ). No nível do clado, as densidades de cristas de canídeos são em média 33% (IC de ± 16) maiores do que as de felinos em todo o conjunto de dados de paisagens compartilhadas .

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