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Investigadores descobrem como patogénio destrutivo desativa o “sistema de alarme” das plantas

Uma equipa internacional de cientistas revelou o mecanismo usado por um dos patogénios agrícolas mais devastadores do mundo para contornar as defesas naturais das plantas — uma descoberta que pode ajudar a desenvolver culturas mais resistentes e seguras para o futuro.

Investigadores da Universidade de York, em colaboração com o James Hutton Institute (Escócia) e a Université Libre de Bruxelles (Bélgica), identificaram uma nova forma de ataque utilizada pelo Phytophthora infestans — o microrganismo responsável pela grande fome irlandesa do século XIX e ainda hoje uma ameaça global para as colheitas de batata e tomate.

O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que este patogénio utiliza uma família de enzimas especiais, designadas AA7 oxidases, para neutralizar o sistema de alarme das plantas, enfraquecendo as suas defesas antes mesmo de conseguirem reagir.

“É como se os ladrões cortassem os fios do alarme antes de entrar em casa”, explicou Federico Sabbadin, do Centro para Produtos Agrícolas Inovadores (CNAP) da Universidade de York. “O patogénio evoluiu de forma a imitar a própria atividade enzimática das plantas, interferindo nos sinais de alarme que regulam as suas defesas. Quando inibimos os genes responsáveis por estas enzimas, o microrganismo torna-se muito menos capaz de infetar.”

Os investigadores demonstraram que, ao desativar os genes que produzem as enzimas AA7, o patogénio perde a capacidade de infetar as plantas hospedeiras — uma descoberta com grande potencial para o desenvolvimento de novas estratégias de proteção das culturas agrícolas.

Com o aumento das temperaturas e das condições climáticas extremas, as plantas tornam-se mais vulneráveis a pragas e doenças. A perda de colheitas afeta diretamente a segurança alimentar global, agravando o risco de escassez e aumento de preços.

“Precisamos de novas abordagens para proteger os nossos alimentos”, afirmou Stephen Whisson, do James Hutton Institute. “Estas enzimas estão presentes em vários patogénios de plantas, e compreender o seu papel é um passo importante para criar métodos mais eficazes de proteção das culturas.”

Esta investigação faz parte do projeto “Berberine bridge enzyme-like proteins as key virulence factors in plant pathogens”, que decorre entre 2024 e 2027, com financiamento de 870 mil libras atribuído pelo Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), integrante do UK Research and Innovation (UKRI).

A descoberta abre caminho a novas soluções biotecnológicas que poderão ajudar os agricultores a manter as colheitas produtivas e resilientes num clima cada vez mais imprevisível.

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