Um novo estudo da Universidade da Califórnia, Riverside, revela que os abelhões, apesar de conseguirem vencer confrontos diretos com formigas invasoras argentinas, acabam por trazer menos alimento para a colónia devido ao tempo perdido em conflitos.
Estas interações, descritas como “guerras de néctar”, foram analisadas pela investigadora Michelle Miner, que procurou compreender até que ponto as agressivas formigas argentinas — uma espécie invasora amplamente espalhada — podem agravar a situação dos abelhões, já pressionados pela perda de habitat, doenças e pesticidas.
O estudo, publicado na Journal of Insect Science, analisou mais de 4.300 comportamentos individuais de mais de 415 abelhões, provenientes de seis colónias que forrageavam num mesmo espaço experimental. Os insetos tinham à escolha alimentadores com e sem formigas por perto.
Quando podem, os abelhões evitam as formigas
As formigas argentinas, conhecidas pela capacidade de se multiplicarem rapidamente e dominarem recursos alimentares, não possuem ferrão, mas mordem — e fazem-no em grande número. Perante a sua presença, os abelhões mostraram uma clara tendência para evitar os alimentadores ocupados.
Quanto mais formigas estavam presentes, menor a probabilidade de os abelhões tentarem alimentar-se e maior o risco de serem mordidos. Apesar de as mordidas não serem fatais, são suficientemente perturbadoras para desencadear agressividade.
Confrontos curtos, mas custosos
Embora o seu tamanho avantajado lhes dê vantagem em confrontos individuais — alguns abelhões chegaram a decapitar formigas com as mandíbulas —, essa vitória não representa um ganho real.
Em vez de regressarem rapidamente à recolha de alimento, muitos abelhões envolviam-se em confrontos prolongados, desperdiçando energia sem recolher néctar.
“A presença das formigas induziu trocas agressivas prolongadas”, afirmou a bióloga Erin Wilson Rankin. “Mesmo que um abelhão ganhe no imediato, isso pode não beneficiar a colónia.”
Os investigadores não observaram o uso do ferrão; os abelhões combateram sobretudo com as mandíbulas, que utilizam para manipular flores, partir materiais ou defender-se.
Menos comida para o ninho
Quando um abelhão passa mais tempo a lutar do que a alimentar-se, regressa ao ninho com menos recursos. O impacto global desta redução na colónia ainda é desconhecido.
Wilson Rankin explica que apenas os abelhões mais jovens permanecem no interior da colónia, enquanto os adultos saem para forragear:
“Não sabemos se a colónia compensa o alimento perdido enviando mais forrageadores. Essa é a próxima questão a investigar.”
O que o estudo deixa claro é que, nas batalhas entre abelhões e formigas argentinas, ninguém sai realmente vencedor. As formigas acabam por impedir o acesso ao néctar, e os abelhões, mesmo quando dominam fisicamente, gastam energia vital que poderia ser usada para alimentar a colónia.

