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A Faia poderá ter um futuro sombrio na Europa devido às alterações climáticas

Secas extremas e condições adversas podem levar à sua extinção local. Investigadores do Instituto Federal Suíço de Investigação Florestal (WSL) analisaram estudos anteriores e concluíram que as previsões sombrias provavelmente se concretizarão. A adaptação das florestas exigirá mudanças significativas, como a introdução de espécies resistentes ao calor e à falta de água

Corria o ano de 2004 e 2005 quando duas equipas de investigadores publicaram dois estudos importantes sobre o futuro da faia. Um deles previa um futuro bastante sombrio para esta espécie devido às alterações climáticas. O outro alertava contra o alarmismo e atestava a grande capacidade de adaptação da faia. Os investigadores do Instituto Federal Suíço de Investigação Florestal, da Neve e da Paisagem (WSL) examinaram agora ambos os estudos com base em novos dados. Concluíram que a previsão sombria provavelmente se tornará realidade

O futuro das faias na Europa parece sombrio. As alterações climáticas vão afectá-las fortemente. Esta é a conclusão dos investigadores do Instituto Federal Suíço de Investigação Florestal, da Neve e da Paisagem (WSL). “A faia não só perderá o seu domínio e a sua área nos locais marginais, onde já não encontra condições óptimas, mas também em grande parte da sua área de distribuição na Europa Central”, afirma o autor principal do estudo e investigador do WSL, Arthur Gessler. A árvore sofrerá, em particular, com os anos de seca cada vez mais extrema. “A seca pode causar a morte parcial da copa, o que muitas vezes leva à morte da árvore no ano seguinte”.

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Foto:wikipedia

Back to the future..

O novo estudo, “Back to the future – A new look at the prospects for beech after 20 years of research and advancing climate change”, baseia-se em duas publicações de 2004 e 2005, que chegaram a conclusões divergentes: Enquanto uma das equipas previa uma ameaça grave para a faia até ao final do século XXI, mesmo no centro da sua área de distribuição atual, a outra não via esse perigo – ou só o via em zonas já hoje em risco de seca – e alertava para a necessidade de inquietar os proprietários florestais públicos e privados.

“Sabemos agora muito mais do que sabíamos na altura sobre os efeitos das alterações climáticas na vitalidade, crescimento, tolerância ao stress e competitividade das faias, pelo que podemos fazer previsões mais precisas sobre o seu futuro potencial”, afirma Arthur Gessler. “Com estes novos conhecimentos, pudemos reexaminar exaustivamente os estudos anteriores.”

Não só a situação dos dados melhorou consideravelmente. Os efeitos das alterações climáticas nas florestas de faias (e nas florestas em geral) são hoje muito mais palpáveis do que há vinte anos e já não são apenas objeto de controvérsia científica.

“Os anos extremos de 2018, 2019, 2020, 2022 e, nalguns casos, 2023 deixaram danos visíveis e maciços nas árvores, o que deixa antever desenvolvimentos futuros”, comenta. Em termos concretos, isto significa que as árvores deixarão de ser capazes de se regenerar bem e serão muito vulneráveis a fenómenos extremos, o que poderá conduzir a uma morte em grande escala e, posteriormente, à extinção local da espécie.

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Uma diversidade elevada ajuda

A medida em que a faia será afetada até ao final do século, e em que locais, dependerá do curso das alterações climáticas e, portanto, em última análise, do sucesso das medidas para reduzir as emissões globais de CO2. “No entanto, na perspetiva atual, é evidente que a faia sofrerá mesmo que as emissões de CO2 sejam significativamente reduzidas, ou seja, num cenário de alterações climáticas bastante otimista”, afirma o investigador.

Por esta razão, Arthur Gessler acredita que a indústria florestal deve preparar-se para mudanças fundamentais. “Para preparar as florestas para o futuro, devem ser introduzidas nos povoamentos espécies de árvores tolerantes à seca e ao calor, como o carvalho”, aconselha. Uma grande diversidade de estruturas e de espécies de árvores, mas também a diversidade genética da faia, podem ajudar. Na pior das hipóteses – mesmo que a faia sofresse danos maciços causados pela seca – as espécies de árvores resistentes à seca sobreviveriam e, assim, pelo menos evitariam o fracasso total da floresta.

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