#PorUmMundoMelhor

Teresa Cotrim

Afinal, os jacarandás não vieram do Brasil?

Esta icónica árvore já fez correr muita tinta sobre a sua origem. João Farminhão, Presidente do jardim Botânico da Ajuda conta-nos um pouco da sua história

Na primavera pintam de roxo a nossa cidade. Um dos locais mais emblemáticos onde se exibem é na Av. da Torre de Belém, com a vista para o monumento a emoldurar a paisagem com o rio Tejo aos pés a enquadrar a moldura. Local apropriado para falar desta árvore afinal sempre se atribuiu a Felix Avelar Brotero, o pai da Botânica em Portugal, do jardim Botânico da Ajuda de 1811 a 1826, a “autoria” de a trazer do Brasil para terras lusas, mas João Farminhão, Presidente da Sociedade Portuguesa de Botânica, diz que essa informação não está comprovada, isto porque Brotero faleceu em 1828 e a introdução do “jacaranda” em Portugal foi provavelmente posterior.

Não estando provado o papel do pai da botânica nacional na sua introdução em Portugal, “a primeira notícia do cultivo do jacarandá chega-nos de Inglaterra, onde Elizabeth Wright, 𝘱𝘭𝘢𝘯𝘵𝘴𝘸𝘰𝘮𝘢𝘯 devinda condessa de Vandes, lançou esta espécie para o estrelato global a partir do seu jardim em Bayswater”, relata. João Forminhão diz ainda que na verdade, o nosso jacarandá, o 𝘑𝘢𝘤𝘢𝘳𝘢𝘯𝘥𝘢 𝘮𝘪𝘮𝘰𝘴𝘪𝘧𝘰𝘭𝘪𝘢, não é o de sempre, porque 𝘺𝘢’𝘬ã𝘨 𝘳ã’𝘵𝘢 (tupi para o que tem cabeça dura) esteve reservado séculos para o nome de outras árvores, que continuam a chamar-se jacarandás no Brasil. A madeira de jacarandá, a do mobiliário de luxo, provem de leguminosas dos géneros 𝘋𝘢𝘭𝘣𝘦𝘳𝘨𝘪𝘢 e 𝘔𝘢𝘤𝘩𝘢𝘦𝘳𝘪𝘶𝘮.

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Foto: João Farminhão – Universidade Coimbra

“No território guarani, 𝘬𝘢𝘳𝘰𝘷𝘢 𝘨𝘶𝘢𝘴𝘶 é o nome porque são conhecidas as árvores lilases que por todo o mundo se denominam jacarandás. Aliás, no Brasil, aos jacarandás também se chama caroba, carobinha, carobão, carobaguaçu. As folhas e casca entram na farmacopeia popular para tratamento de afeções da pele e DST.”, explica.


O Presidente da Sociedade Portuguesa de Botânica, diz que só em 1789, por lapso do botânico Antoine Laurent de Jussieu se enlearam as histórias da caroba e do jacarandá, ao ser criado o género 𝘑𝘢𝘤𝘢𝘳𝘢𝘯𝘥𝘢 para as carobas.


Esta é uma árvore exótica, originária do Paraguai, mas adaptou-se bem ao nosso clima. Gosta de temperaturas mais quentes e para quem não sabe é muito atacada por pulgões que se alimentam da sua seiva. Não há bela sem senão. Daí aquela imagem peganhenta que fica no chão (é do xixi dos bichos). Por isso, já sabe de quem é a culpa. Não é da árvore, mas dos “piolhos”. Mas não passam para as pessoas, por isso, pode continuar a deliciar-se com a sua bela cor lilás.

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