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“Agrobiorefinaria”: Será que a solução para os biocombustíveis está no deserto?

As plantas tolerantes à seca, também conhecidas como áridas, poderão ajudar a criar biocombustíveis mais limpos e mais eficientes. Estes são fontes de energia renováveis produzidas a partir de materiais biológicos. Os investigadores descobriram uma forma mais sustentável de produzir energia utilizando as que conseguem sobreviver em condições de seca, caso dos desertos

As plantas áridas são as sobreviventes da natureza, necessitando de um mínimo de água, terra e cuidados para florescerem. Os investigadores identificaram estas plantas resistentes como matérias-primas sustentáveis, oferecendo uma alternativa mais ecológica para a indústria dos biocombustíveis. Ao contrário das culturas tradicionais, como o milho ou o trigo, que competem com os recursos alimentares e exigem cuidados intensivos, as plantas áridas crescem em condições adversas e a sua cultura é maioritariamente seca, o que evita a movimentação e separação de grandes volumes de água (normalmente efectuada na colheita de algas), o que significa menos poluição e menos utilização de recursos, incluindo energia e maquinaria.

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Foto:Envato Elements

Ernesto Hernandez, líder do estudo e professor catedrático de Engenharia Química, sublinhou a importância da investigação. “A nossa agrobiorefinaria é mais limpa e mais eficiente em termos energéticos, utilizando apenas um terço da energia necessária aos sistemas tradicionais. Esta abordagem implica debates críticos como as crises dos “Alimentos para Combustíveis” e da “Alteração do Uso do Solo”, que tornaram a produção de biocombustíveis controversa.”

Um sistema mais inteligente e mais ecológico

O novo processo integra a agricultura e os sistemas de biorrefinaria numa “agro-biorefinaria”, ultrapassando as ineficiências que há muito afetam a produção de biocombustíveis. As biorrefinarias tradicionais dependem de biomassa como as algas, o milho e a palha de arroz, que consomem muitos recursos e contribuem para a poluição do ar e da água.

A agricultura tem sido a espinha dorsal da civilização humana, mas as práticas modernas enfrentam desafios para equilibrar o desenvolvimento económico com a conservação dos recursos. Esta investigação demonstra como o alinhamento da agricultura com a produção de energia pode produzir soluções que apoiam a economia circular, ao mesmo tempo que abordam as alterações climáticas.

Desde a redução da dependência dos combustíveis fósseis até à reformulação do panorama da produção sustentável, este sistema de agrobiorrefinaria poderá desempenhar um papel fundamental na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Ernesto Hernandez acrescentou: “Esta inovação oferece um roteiro para a produção de energia mais limpa sem comprometer a segurança alimentar ou os recursos naturais. É um passo em frente para transformar os desafios da indústria dos biocombustíveis em oportunidades para um futuro mais verde”. Rafael Ramírez-Arpide, da Universidad Autónoma Chapingo, disse: “Através do pensamento do ciclo de vida, podemos identificar pontos críticos de um processo para encontrar soluções mais sustentáveis, como neste caso, analisámos diferentes cenários para encontrar aqueles que reduzem os impactos ambientais durante a produção de biocombustível.”

A investigação, publicada na revista Energy Conversion and Management, destaca os resultados do estudo:

Eficiência energética: O sistema reduz o consumo de energia, exigindo apenas um terço da energia de entrada necessária para os métodos convencionais.
Maior rendimento de bioetanol: Supera o desempenho de matérias-primas padrão como palha de milho, bagaço e algas na produção de etanol.
Objetivos ambientais: O aumento da escala desta inovação poderia transformar vastas extensões da Terra em zonas de absorção de dióxido de carbono, atenuando significativamente o aquecimento global.

Nota

O estudo foi realizado por investigadores da Canterbury Christ Church University, no Reino Unido, da Southern University, nos EUA, e da Universidad Autónoma Chapingo, no México.

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