Como um projeto que nasceu dentro de uma casa já entregou 20 toneladas de comida? “É a prova de que, juntos, podemos fazer a diferença na vida uns dos outros”, responde Ana Rita Ramos, a mentora desta ideia e directora-geral da Have a Nice Day
Como nasceu a ideia da árvore solidária?
A “Árvore de Natal Solidária”, feita de latas de comida, nasceu em minha casa, quando os meus filhos e sobrinhos eram pequenos, para dar ao Natal a marca solidária que ele merece. Durante vários anos foi uma iniciativa caseira, recolhendo contribuições da família e amigos, entregues depois ao Banco Alimentar Contra a Fome. Em 2020, em plena pandemia, em que tantos estavam com o coração sobrecarregado de angústia e desespero, achei que isto não era suficiente. Teríamos de fazer mais: a maior árvore de Natal solidária de sempre! Então, a minha empresa Have a Nice Day, em parceira com a associação Vizinhos à Janela, e com a ajuda de uma tribo incansável de amigos, decidiu fazer crescer a iniciativa para fora da influência doméstica e criar um projeto que envolvesse empresas e múltiplos parceiros. Hoje, 4 anos passados, estamos novamente a fazer crescer uma floresta de solidariedade. Somos muitos. Que seja enorme. Do tamanho da nossa generosidade.
Há quantos anos tem este projeto?
Há momentos em que a palavra solidariedade ganha um carácter impositivo. Foi assim no Natal de 2020, quando tudo formalmente começou. Ao testemunhar o caos que a pandemia trouxe a tantas vidas, unimo-nos para fazer a diferença, convictos de que, com essa conjunção de esforços, conseguiríamos o que jamais alcançaríamos sozinhos. Nasceu, então a “Árvore de Natal Solidária”, uma iniciativa que brotou espontânea, animada pelo mais puro espírito de Natal. Em parceria com os Vizinhos à Janela, uma comunidade de entre-ajuda em Oeiras, a Have a Nice Day desafiou o condomínio daquele que era, na altura, o seu prédio de escritórios em Lisboa (Campo Grande, 28) a juntar todos os seus condóminos numa iniciativa de recolha de alimentos não perecíveis. O objetivo era construir uma árvore de Natal de latas de alimentos que improvisámos no átrio. No espaço de um mês foi possível medir em altura o tamanho desse sentimento de partilha. A árvore cresceu e, no final da campanha, foram entregues a famílias carenciadas da Associação Sol Fraterno mais de 700 kg de alimentos.
Depois deste sucesso, desse singelo apelo à solidariedade transformou-se num movimento?
No Natal de 2021 alargámos o nosso raio de ação a 7 pontos de recolha e passámos a apoiar não uma, mas 4 instituições. E como uma bola de neve, voltámos a crescer.
O resultado foi extraordinário! Recolhemos e entregámos mais de 4 toneladas de alimentos.
Mas a força deste movimento não ficou por aqui. No Natal de 2022 voltámos a arregaçar as mangas e a expandir a nossa iniciativa, à qual se juntaram muitos outros. Foi com incontido entusiasmo que erguemos árvores de Natal solidárias em 12 pontos de recolha, conseguindo apoiar 8 instituições de solidariedade social. O resultado superou todas as expectativas: 7,4 toneladas de alimentos!
7,4 toneladas é um valor histórico para quem começou com uma árvore no átrio de um prédio. É a prova de que, juntos, podemos fazer a diferença na vida uns dos outros. A certeza de que a generosidade, a empatia e a cooperação são forças inerentes a todos e que, se quisermos, com pequenos gestos, podemos mudar o mundo. Ainda que seja o mundo de alguém!
No Natal de 2023 conseguimos chegar às 9 toneladas e apoiar 9 instituições de solidariedade social! A prova dos 9 vem demonstrar que quando nos dividimos em generosidade, multiplicamos sorrisos, subtraímos dificuldades e somamos valor à vida de muitas pessoas.
Este ano, na quinta edição da “Árvore de Natal Solidária”, estamos em 16 pontos de recolha para recolher alimentos para 8 associações de apoio a famílias carenciadas
Neste momento já tem marcas associadas, quais? E como contribuem?
Temos 17 pontos de recolha, várias empresas parceiras. A mais mediática é, sem dúvida, a Meo Arena, que pelo segunda ano consecutivo está connosco nesta iniciativa. Todas as pessoas que forem ao Meo Arena para um evento, durante o mês de Dezembro, estão a ser convidados a contribuir com alimentos não perecíveis, de preferência enlatados. O ano passado, só no Meo Arena, conseguimos angariar mais de 3 toneladas de alimentos. Este ano será mais, certamente.
Quantas toneladas de alimentos já entregaram?
Desde 2020, altura em que começámos o projeto neste formato mais institucional, já entregámos 21,2 toneladas de alimentos. A campanha de recolhe de 2024 ainda está em curso, só termina a 10 de Janeiro.
Como é que as pessoas podem participar?
Entregando o seu donativo nas moradas aderentes. Moradas em anexo.
Dois dos principais pontos de recolha:
– Meo Arena
– Edifício Presidente, Av. Miguel Bombarda, 36 – 1050-165 Lisboa
Quem recebe esses alimentos?
As associações beneficiadas. Este ano são 8, listadas nos materiais em anexo. A saber.
– Ajuda de Mãe
– Associação de Desenvolvimento de Santo António
– Crescer Ser
– Família Solidária
– Gira do Bairro
– Gmasa (Grupo de Milharado de Apoio aos Sem Abrigo)
– Sol Fraterno
– União das Freguesias
Algo mais que desejes acrescentar
Quando acreditamos nos projetos mais desatinados como possibilidades imediatas, e juntamos um batalhão de corações generosos, é isto que acontece! Só ano passado distribuímos 9 toneladas de alimentos. É uma loucura! Para mim, isto é um poema escrito a muitas mãos. Um poema a começar.
Uma ideia simples, replicável, e que prova que aquilo que construímos em conjunto tem muito mais valor e é muito mais difícil de destruir.
Este projeto é muito bonito porque conta com a contribuição de muita gente, a grande maioria no mais generoso anonimato.
Pessoas que dão um pequeno contributo para um projeto comum. Que põem o seu coração numa iniciativa de forma singela, não documentada.
Recebo muitas mensagens de pessoas a dizerem “obrigada pela inspiração, este ano também estou a fazer uma árvore de Natal de alimentos na minha casa e na minha empresa”
Isso dá-me uma grande satisfação.