Alterações climáticas trazem a vida selvagem para mais perto das pessoas
Courtesy Brashares Lab, UC Berkeley
As climate change increases the frequency of droughts, UCLA and UC Davis researchers found one overlooked side effect: People report more conflicts with wildlife during drought, when resources are scarce.
For every inch that annual rainfall decreases, scientists found a 2% to 3% increase in reported clashes with a variety of carnivores during drought years, according to a paper published today, Nov. 12, in the journal Science Advances.
The researchers pored through seven years of data from the Wildlife Incident Reporting database, run by the California Department of Fish and Wildlife. The results are likely broadly applicable outside of California, said lead author Kendall Calhoun, a postdoctoral
Secas severas aumentam conflitos com pumas, linces e ursos, revela estudo da UCLA e UC Davis
Courtesy Brashares Lab
À medida que as alterações climáticas intensificam a frequência e a severidade das secas, cresce também um efeito menos discutido: o aumento dos conflitos entre humanos e animais selvagens. Um novo estudo conduzido por investigadores da UCLA e da Universidade da Califórnia – Davis conclui que, em anos de seca, a probabilidade de confrontos reportados com grandes carnívoros aumenta de forma consistente.
Segundo o artigo publicado esta terça-feira, 12 de novembro, na revista Science Advances, por cada polegada (2,54 cm) de chuva anual perdida, os conflitos registados com certos predadores aumentam entre 2% e 3%. Entre os animais mais afetados estão:
Pumas: +2,1%
Coiotes: +2,2%
Ursos-negros: +2,6%
Lince-pardos: +3%
A investigação analisou sete anos de dados da base de denúncias de incidentes com vida selvagem do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia. Para o autor principal, Kendall Calhoun, ecólogo conservacionista associado à UCLA e à UC Davis, as conclusões têm implicações que ultrapassam as fronteiras da Califórnia.
“As alterações climáticas vão aumentar as interacções entre humanos e vida selvagem. À medida que as secas e os incêndios se tornam mais extremos, temos de planear formas eficazes de coexistência”, afirma Calhoun. “Os animais entram em zonas humanas não porque pretendam tirar-nos recursos, mas porque já lhes retirámos os seus.”
Courtesy Brashares Lab
O que conta como “conflito”?
As ocorrências analisadas não incluem ataques a pessoas — considerados extremamente raros e registados noutras bases de dados — mas sim queixas de danos materiais ou de animais considerados incómodos. A percepção do que constitui um incidente varia, destaca Calhoun: um agricultor pode ver aves como aliadas no controlo de pragas, enquanto outro pode considerá-las um prejuízo.
Quanto à pergunta inevitável — há realmente mais animais a aproximarem-se das zonas urbanas durante a seca? — a resposta, segundo Calhoun, ainda não é definitiva.
“Não sabemos se há efetivamente mais conflitos ou se as pessoas se tornam mais sensíveis à presença de animais quando os seus próprios recursos estão sob pressão.”
Paisagens mais resilientes podem reduzir conflitos
O estudo reforça a necessidade de criar zonas de refúgio climático para a fauna, garantindo acesso a água, sombra e alimento em ambientes naturais. Tais medidas poderiam reduzir a necessidade dos animais de procurarem sustento em áreas habitadas.
“Se sabemos como as secas pioram os conflitos, também podemos atuar para os melhorar”, defende Calhoun. “Preservar água nas paisagens naturais pode diminuir significativamente o problema.”
A base de dados utilizada — alimentada por denúncias comunitárias — é, para Calhoun, um exemplo da importância da ciência participativa. Sem ela, sublinha, este tipo de investigação seria impossível.
Fogo, seca e deslocamento da fauna
A especialização de Calhoun inclui também o estudo dos “megaincêndios”, cada vez mais frequentes com o aquecimento global. Embora muitos animais consigam fugir das chamas, são depois forçados a procurar refúgio e recursos em zonas onde o fogo não chegou — muitas vezes áreas humanas.
“As alterações climáticas vão tornar estas interações mais desafiantes. Mas se conseguimos torná-las piores, também as podemos tornar melhores.”
No final, o investigador deixa um apelo claro: a conservação só funciona quando as comunidades se envolvem ativamente no seu ambiente local.