As árvores de karité (Vitellaria paradoxa), cuja noz produz a manteiga muito usada em cosméticos, alimentos e produtos tradicionais, enfrentam uma crise crescente no norte de Uganda. A principal causa? O corte indiscriminado para fabrico de carvão vegetal — uma actividade mais lucrativa a curto prazo para muitos habitantes locais do que a colheita das nozes, divulgou a BBC.
Segundo o site Monitor muitas comunidades têm derrubado árvores de karité, especialmente nas regiões de Otuke, Lira, Agago e arredores, para produzir carvão vegetal que é depois comercializado, inclusive para mercados urbanos. A karité produz carvão de alta qualidade que arde por mais tempo, o que torna o seu uso particularmente atraente, apesar do impacto ambiental. A BBC acrescenta que a diminuição na produtividade das árvores—flores menos frequentes, frutos menos abundantes—é atribuída a mudanças climáticas, secas mais prolongadas e outras perturbações ecológicas.
O principal dilema é este: como compatibilizar as necessidades imediatas das pessoas — sobrevivência, rendimento — com a proteção de um recurso natural que tem valor ecológico, económico e cultural a longo prazo? Medidas legais existem, mas sem fiscalização eficaz e alternativas viáveis para as populações, a lei corre o risco de ficar apenas no papel.
Se nada for feito, corre-se o risco de ver as árvores de karité reduzirem-se drasticamente em Uganda — o que não só empobrece ecologicamente as paisagens como ameaça culturas e modos de vida inteiros, particularmente femininos. A esperança está nas acções comunitárias, no apoio internacional, e no compromisso político com investimento em energias alternativas, desenvolvimento rural sustentável e conservação integrada.