Embora seja amplamente reconhecido que passar tempo com cães pode aliviar o stress, uma nova investigação demonstra que assistir a um curto vídeo de um cão pode ter um efeito reconfortante semelhante.
Liderado por John-Tyler Binfet, Professor na Escola de Educação da UBC Okanagan, e por Christine Tardif-Williams, Professora na Universidade Brock, este estudo recente baseia-se numa investigação anterior que analisou se as interacções presenciais com cães de terapia poderiam ter o mesmo impacto num ambiente virtual — abrindo portas para que mais membros da comunidade possam beneficiar desta “ajuda”.
“As nossas conclusões demonstram que, mesmo numa sessão virtual, houve uma redução significativa do stress tanto na população estudantil como no público em geral, independentemente da idade,” afirma Binfet, Director do programa B.A.R.K. (Building Academic Retention through K9s) da UBCO. “Isto sugere que os módulos virtuais de conforto canino são um recurso eficaz, acessível e de baixo custo para quem procura apoio em saúde mental.”
Binfet explica o que motivou este estudo e qual o seu significado no contexto do apoio à saúde mental.
O que inspirou esta investigação?
Este estudo foi motivado pela necessidade de aumentar a acessibilidade aos cães de terapia. Programas que oferecem aos estudantes e ao público a oportunidade de interagir com cães de terapia encontram-se muitas vezes em centros urbanos e, quando disponíveis, são muito populares. Durante a pandemia de COVID-19, as restrições às interacções presenciais e a necessidade de confinamento revelaram uma necessidade ainda maior de apoios virtuais ao bem-estar.
Isto levou à criação dos módulos virtuais de conforto canino, que apresentavam um vídeo pré-gravado com quatro das equipas de cão de terapia e voluntário do B.A.R.K. Estes módulos pré-gravados mostraram ser eficazes na melhoria do bem-estar dos estudantes, e este estudo permitiu-nos replicar o serviço e alargar os benefícios da terapia com cães a outros membros da comunidade.
Em que consistiu o estudo?
Mais de 900 estudantes e 120 membros da comunidade assistiram a um vídeo pré-gravado de cinco minutos com um cão de terapia e o seu tratador. Estes vídeos foram concebidos para simular uma experiência presencial, incluindo elementos como reflexão guiada, envolvimento visual com o cão e narração calmante. Os participantes preencheram um breve questionário sobre stress antes e depois de verem o vídeo.
As sessões eram gratuitas, facilmente acessíveis online e não exigiam marcação ou qualquer outra interação humana.
Porque é que esta investigação é relevante além do ambiente universitário?
Os resultados sugerem que as intervenções virtuais com cães de terapia também podem beneficiar o público em geral, especialmente aqueles que enfrentam barreiras no acesso a apoio presencial em saúde mental, como limitações de horário ou localização remota.
Este formato pode ainda ser ideal para pessoas que hesitam em procurar apoio formal em saúde mental.
Quais são os próximos passos?
Esta investigação abre caminho para mais oportunidades virtuais de contacto entre estudantes, o público e os cães de terapia com os seus tratadores. Poderá incluir-se, por exemplo, a incorporação de práticas de mindfulness nos módulos virtuais de conforto canino e a avaliação de eventuais benefícios adicionais na redução do stress e melhoria do bem-estar.
Em todo o caso, reforça-se a nossa teoria de que as intervenções assistidas por cães, sejam presenciais ou através de videoconferência, podem ser benéficas e ajudar as pessoas a reduzir o stress.
Esta investigação foi publicada na revista Human-Animal Interactions, uma publicação de acesso livre que divulga investigação multidisciplinar sobre as interações entre humanos e animais. Entre os co-autores estão a coordenadora do B.A.R.K., Freya Green, e os estudantes investigadores Rebecca Godard, Akshat Singal, Camille Rousseau, Renata Roma e Amelia Willcox.
