O sul da Califórnia vive o maior momento de terror de que há memória em quatro décadas. Segundo os cientistas, os incêndios não costumam deflagrar nesta época do ano, mas há um conjunto de coincidências, das quais as alterações climáticas induzidas pelo homem, que podem explicar o fenómeno. Mas serão estas as únicas vilãs neste tema?
Que fenómenos são esses?
Ventos superdimensionados de Santa Ana que vêm do deserto a 161km/h — velocidade acima do normal, tornando impossível a atuação dos bombeiros. Algo que já havia acontecido no incêndio “Thomas Fire” de 2017. Isto é frequentemente observado por meteorologistas da National Weather Service. (https://www.weather.gov). “Uma das condições que originou esses ventos foi uma elevada quebra de temperatura da corrente de jato — o rio de ar que move os sistemas meteorológicos em todo o mundo, e que ajudou a levar o frio para dois terços orientais do país”, explica John Abatzoglou, cientista climático e de Incêndios da Universidade da Califórnia Merced, à EuroNews.
Períodos prolongados de seca e falta de humidade — A California Department of Forestry and Fire Protection (CAL FIRE) aponta que a seca prolongada é uma das principais causas para o aumento de incêndios, pois a vegetação seca serve como combustível altamente inflamável. Especialmente plantas nativas, tendem a secar mais rápido, criando condições ideais para incêndios. A Califórnia possui vastas áreas de vegetação altamente inflamável, como pinheiros, cedros, carvalhos, arbustos secos e outras plantas adaptadas ao clima quente e seco. Quando essas plantas secam, tornam-se um combustível perfeito para os incêndios. Além disso, algumas espécies de árvores da Califórnia, como as sequoias, têm folhas e cascas oleosas que são muito propensas ao fogo.https://www.c2es.org/content/climate-change-and-wildfires/).
De recordar que o sul da Califórnia esteve submerso há menos de um ano, com chuvas torrenciais que provocaram inundações, fizeram carros flutuar e assistiu-se a centenas de deslizamentos de terra. Depois veio o calor… o ponteiro do clima virou-se, criando o verão mais quente de sempre. Estas “chicotadas climáticas” estão a tornar-se cada vez mais frequentes à medida que o planeta aquece. A temperatura média da Califórnia aumentou cerca de 1ºC desde 1980, o que fez com que o número de dias com vegetação seca vulnerável ao fogo duplicasse, revela a mesma fonte.
Depois, o clima Mediterrâneo e Seco, tipíco da Califórnia, com verões quentes e secos e invernos suaves e chuvosos. Durante o verão, a vegetação da região seca rapidamente criando um stock de material combustível para os incêndios. As condições secas, combinadas com ventos fortes e elevadas temperaturas, tornam a propagação do fogo muito mais fácil e rápida.
Áreas florestais e muito montanhosas. Segundo o National Interangency Fire Center, a geografia da Califórnia inclui grandes cadeias de montanhas, vales e desfiladeiros, o que torna a área ainda mais vulnerável a incêndios. As áreas montanhosas são difíceis de aceder para os bombeiros e o terreno irregular pode dificultar o controle do fogo. Além disso, os ventos fortes podem ser canalizados através de desfiladeiros, aumentando a velocidade com que o fogo se espalha.
Áreas densamente povoadas – A National Fire Protection Association, diz que o crescimento das áreas urbanas próximas a florestas e áreas selvagens (conhecido como wildland-urban interface) tem aumentado o risco de incêndios. Muitas casas e propriedades estão localizadas em zonas onde incêndios são mais comuns, o que aumenta tanto o risco de incêndio quanto os danos económicos e humanos. Além disso, a construção de novas infraestruturas e a falta de práticas adequadas de prevenção de incêndios (como distâncias adequadas entre a vegetação e as construções) aumentam a vulnerabilidade.
Falhas na gestão florestal. A Califórnia, como muitos outros lugares, enfrenta dificuldades na gestão das suas florestas, que por vezes não são limpas adequadamente ou vigiadas de forma eficaz. O Forest Service dos EUA, discute que a falta de manutenção da vegetação e a remoção de árvores mortas pode aumentar a intensidade do fogo. (https://www.fs.usda.gov).