Os países da União Europeia (EU) mantêm 13 territórios ultramarinos, à semelhança da Gronelândia, que a cobiça de outras potências obriga agora a defender
O território da UE não está circunscrito aos 27 países que compõem o bloco político-económico, com países como França e Países Baixos a manterem a soberania por pequenos territórios em África, Caraíbas e até ao Pacífico.
No xadrez geopolítico, o Presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), o republicano Donald Trump, quer iniciar funções, em 20 de janeiro, fazendo xeque na corrida aos materiais críticos e às rotas comerciais essenciais.
Em pontos críticos do comércio global e nalguns casos ricos em minerais, os territórios ultramarinos europeus já despertaram interesse de outras potências.
A China e o Azerbaijão foram recentemente acusados de envolvimento em ações para destabilizar a Nova Caledónia, um território francês cobiçado pelos depósitos de níquel.
O partido de extrema-direita AfD, geopoliticamente alinhado com a Rússia de Vladimir Putin, coloca entre as suas propostas exigir a entrega da ilha francesa de Maiote, ao largo da costa africana, a Comores.
São também territórios administrados por Paris a Polinésia Francesa, as ilhas de São Pedro e Miquelão, São Bartolomeu, Futuna e uma parte do território da Antártida.
Os restantes pertencem aos Países Baixos e são as ilhas de Aruba, Bonaire, Curaçau, Saba, Santo Eustáquio e São Martin.
Chegaram a ser 25 estes territórios ultramarinos, mas reduziram-se a 13 com a saída do Reino Unido, um dos países que mais possessões manteve com o fim do império britânico.
Na última semana, Donald Trump enviou o filho Donald Trump Jr. à Gronelândia para reavivar uma proposta de aquisição, por parte dos EUA, daquele território, pertencente à Dinamarca.
Trump chegou a ir mais longe e não excluiu a hipótese de os EUA utilizarem a força para controlar um território que o Presidente eleito aponta como imprescindível. As reações dos países do bloco comunitário surgiram imediatamente.
O ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, descartou a alienação do território, mas disse estar aberto a uma cooperação com os EUA.
As reações também chegaram da Alemanha e França, os dois maiores países da União Europeia.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, lembrou Trump que o “princípio da inviolabilidade das fronteiras se aplica a qualquer país”, independentemente de ser “um país pequeno ou um forte”.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, disse que “estava fora de questão” a UE “deixar que outras nações atacassem a soberania das suas fronteiras”.
Texto LUSA