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Colírios podem substituir os óculos de leitura à medida que envelhecemos?

Será que, em vez de óculos de leitura, bastará aplicar umas gotas nos olhos para combater a presbiopia, a dificuldade em focar objetos próximos que afeta inevitavelmente todas as pessoas com o avançar da idade?

Um estudo apresentado no 43.º Congresso da Sociedade Europeia de Cirurgia de Catarata e Refrativa (ESCRS) sugere que sim. Os investigadores mostraram que colírios especialmente formulados podem melhorar de forma significativa a visão ao perto, com efeitos duradouros até dois anos.

A investigação, conduzida pela oftalmologista Giovanna Benozzi, diretora do Centro de Investigação Avançada em Presbiopia, em Buenos Aires (Argentina), envolveu 766 pacientes com uma idade média de 55 anos. Os participantes receberam colírios desenvolvidos pelo seu pai, o já falecido Dr. Jorge Benozzi, que combinam duas substâncias:

  • Pilocarpina – fármaco que contrai a pupila e o músculo ciliar, facilitando o foco em diferentes distâncias.
  • Diclofenac – anti-inflamatório não esteroide (AINE), que reduz o desconforto frequentemente associado à pilocarpina.

Resultados promissores

Após a aplicação, os pacientes apresentaram melhorias rápidas: em média, conseguiram ler mais três linhas na escala Jaeger (utilizada para medir a acuidade visual de perto) apenas uma hora depois da primeira dose.

O efeito foi mantido a longo prazo. Cerca de 83% dos pacientes mantiveram uma boa visão funcional ao perto ao fim de 12 meses e muitos prolongaram os benefícios até dois anos.

  • No grupo com colírio a 1% de pilocarpina, 99% dos pacientes conseguiram ler pelo menos duas linhas adicionais.
  • No grupo a 2%, 69% leram três linhas extra.
  • No grupo a 3%, 84% tiveram ganhos equivalentes.

Segurança e limitações

Os efeitos adversos foram, na maioria, ligeiros: visão temporariamente mais escura (32%), irritação (3,7%) e dor de cabeça (3,8%). Nenhum paciente interrompeu o tratamento. Importa, no entanto, lembrar que o uso prolongado de pilocarpina pode, em casos raros, causar descolamento da retina, e que o uso contínuo de anti-inflamatórios tópicos pode representar riscos para a córnea.

O estudo apresenta algumas limitações: foi realizado num único centro e de forma retrospectiva, o que pode limitar a generalização dos resultados.

Uma alternativa não invasiva

Segundo Benozzi, “estes resultados demonstram que esta combinação terapêutica é segura, eficaz e bem tolerada, reduzindo de forma significativa a dependência dos óculos de leitura. Trata-se de uma opção não invasiva que pode personalizar-se consoante o grau de presbiopia do paciente”.

Ainda assim, sublinha que os colírios não eliminam totalmente a necessidade de óculos em todos os casos e não substituem a cirurgia, mas podem ser uma solução valiosa para quem procura evitar o desconforto ou os riscos de outros métodos.

O presidente-eleito da ESCRS, Professor Burkhard Dick, que não esteve envolvido no estudo, considerou os resultados “encorajadores”, mas defendeu a necessidade de ensaios multicêntricos, a longo prazo, para confirmar a segurança e a eficácia antes de uma aplicação generalizada.

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