Os processos naturais de meteorização estão a remover CO2 do ar numa vasta gama de ambientes, nos continentes e oceanos. Até recentemente, estes “aspiradores de CO2” eram frequentemente estudados separadamente, sem examinar adequadamente as suas complexas interações.

Figura geral do continuum de intemperismo, no qual processos desde a montanha mais alta até o oceano profundo desempenham um papel na remoção de CO 2 do ar. Crédito: Gerrit Trapp-Müller et al.
Agora, uma equipa internacional de geocientistas propõe uma visão integrada dos muitos fatores que influenciam a remoção de CO2 atmosférico dos picos mais altos das montanhas para o fundo do oceano, incluindo as suas diversas interações. O chamado ‘continuum’ de intemperismo fornece um panorama muito mais completo sobre o que controla e regula a remoção natural de CO2, o que pode auxiliar no desenvolvimento de técnicas de intemperismo mais avançadas.
O tipo de rocha desgastada pelo vento e pela água, as reações químicas que quebram as rochas e as convertem em solos e lamas: tudo isto influência a taxa a que o CO2 é naturalmente removido do ar e armazenado nos solos ou no oceano.
A eficiência destes aspiradores de CO2 variou substancialmente no passado da Terra, o que deixou os investigadores intrigados durante mais de um século.
A visualização das inúmeras reações químicas dos minerais na terra e no oceano como uma entidade única – um continuum de meteorização – emerge agora de um novo artigo de investigação, publicado na Nature Geoscience, envolvendo vários especialistas de diversas disciplinas.
“A principal conclusão do nosso trabalho é que os diversos fluxos de CO2 na terra e no oceano estão intimamente ligados. Isto rege a eficiência da remoção de CO2 da atmosfera”, afirma Gerrit Trapp-Müller, investigador de pós-doutoramento no Instituto de Tecnologia da Geórgia e principal autor do estudo, realizado quando ainda era membro da Universidade de Utrecht.
Pesquisas anteriores já tinham demonstrado que é possível que os processos naturais de meteorização praticamente parem – e por vezes até se revertam – quando o oceano começa a emitir CO2. “Utilizando a analogia do aspirador, se a aspiração intensa já tiver enchido o compartimento de armazenamento do aparelho, este acaba por se tornar menos eficaz na limpeza – e pode até soprar o pó de volta para o seu apartamento.”
Comparativamente às emissões provenientes das atividades humanas, os processos naturais que removem CO2 são relativamente lentos. Será que esta nova investigação nos poderá ajudar a aproveitar estes vácuos naturais de CO2 para reduzir as quantidades ainda crescentes de gases com efeito de estufa na atmosfera?
As tecnologias de “intemperismo intensificado” poderão ajudar a chegar perto das metas de 1,5 ou 2,0 °C do Acordo de Paris, concorda Trapp-Müller. Mas também alerta: “Se o intemperismo se acelerar em algum lugar, pode ter consequências para o resto da cadeia e para a quantidade líquida de carbono armazenada.” O continuum do intemperismo alerta para consequências imprevistas de locais com intemperismo intensificado, mas também fornece orientações sobre como aproveitar todo o potencial destas técnicas.
Estudo aqui: https://www.nature.com/articles/s41561-025-01743-y
Nota:
“O intemperismo é o processo de transformação das rochas por desagregação (física) ou decomposição (química) das suas estruturas, dando origem aos sedimentos e interferindo em processos sedimentares, como a erosão, a diagénese e a pedogénese (formação dos solos).”