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Como a volatilidade climática agravou os incêndios na Califórnia?

Aconteceu agora na Califórnia, mas esta é a nova realidade de extremos que ameaça o mundo, com impacto desproporcional nos mais vulneráveis

volatilidade climática (em inglês “climate volatility”) , caracterizada pela alternância extrema entre períodos de chuvas intensas e secas severas, está a tornar-se uma realidade cada vez mais frequente à escala global.

Este fenómeno, impulsionado pelas mudanças climáticas causadas pelo homem, intensifica eventos extremos como incêndios, secas, enchentes e deslizamentos de terra, com consequências devastadoras para os ecossistemas e para as populações humanas.

A Califórnia, que já sofre com esses extremos, é um exemplo de como essa volatilidade está a transformar o clima e a colocar em risco a vida de milhões de pessoas, animais e ecossistema.

Para entender o que é a volatilidade climática

A principal causa da volatilidade climática é o aumento da capacidade da atmosfera de absorver e libertar água, que cresce 7% a cada grau Celsius de aquecimento. Isso leva a um ciclo de “boom e colapso” hídrico, onde períodos de chuvas intensas são seguidos por secas prolongadas.

Vários estudos indicam que essa volatilidade aumentou entre 31% e 66% desde meados do século 20, e a tendência é que esses eventos extremos se tornem ainda mais frequentes e intensos se o aquecimento global ultrapassar 1,5°C. O que parece ser provável.

Além da maior evaporação, uma atmosfera mais “sedenta” retira mais água do solo e das plantas, agravando as condições de seca mesmo na ausência de falta de chuvas.

A combinação desses fatores resulta num ciclo vicioso, onde o crescimento rápido de vegetação devido a chuvas intensas é seguido por um período de seca e incêndios devastadores.

Qual o impacto na Califórnia?

A Califórnia tem experimentado de forma aguda os efeitos da volatilidade climática. Após anos de seca, a região foi atingida por chuvas recordes no inverno de 2022-23, causando enchentes, deslizamentos de terra e soterramento de cidades montanhosas.

O excesso de chuvas levou ao crescimento de vegetação, que, ao secar rapidamente com o calor extremo e a falta de precipitação em 2024 e 2025, se tornou um combustível para incêndios florestais devastadores.

A falta de chuva e a instabilidade climática têm prolongado a temporada de incêndios mais a sul do país. A previsão é de que a Califórnia enfrente um futuro de anos e estações mais húmidas e mais secas, intensificando a necessidade de adaptação e planeamento.

Impacto global e desigualdade social

A volatilidade climática não se limita à Califórnia. O estudo citado na Nature Reviews mostra que o fenómeno está a tornar-se mais frequente à escala global. . Regiões como o norte da África, Médio Oriente, sul da Ásia, norte da Eurásia, Pacífico tropical e Atlântico tropical são apontadas como as mais vulneráveis.

As consequências globais incluem não apenas enchentes e secas, mas também a intensificação de outros desastres, como deslizamentos de terra.

É importante destacar que os impactos da volatilidade climática não são sentidos igualmente por todos. As populações mais pobres e vulneráveis são as mais afetadas, pois muitas vezes vivem em áreas de risco, têm menos acesso a recursos para se adaptar às mudanças climáticas e dependem mais de atividades económicas sensíveis às variações climáticas.

As populações marginalizadas já enfrentam desafios como insegurança alimentar, falta de acesso à água potável e saneamento básico, que são agravados por eventos climáticos extremos, o que intensifica um ciclo de pobreza e vulnerabilidade

A volatilidade climática, portanto, é uma ameaça global que exige ação urgente. A necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa é fundamental, mas também é preciso investir em medidas de adaptação, como a gestão da água, o planejamento urbano e a proteção de comunidades vulneráveis.

A compreensão de que a crise climática afeta desproporcionalmente os mais pobres é crucial para garantir que as soluções sejam justas e eficazes. A falta de ação neste campo só aumentará a desigualdade social e a destruição ambiental.

Texto in Ecodebate.

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