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Como o clima afeta os veados?

A temperatura, a precipitação, a neve e os fenómenos meteorológicos extremos são fatores ligados às alterações climáticas que afectam diretamente a vida selvagem. Compreender o impacte destes factores na fisiologia, na dinâmica populacional e na distribuição das diferentes espécies de veados é importante para a sua monitorização e proteção

Um novo estudo publicado na revista Global Change Biology revela as conclusões de cientistas que dedicaram 20 anos à investigação das dez principais espécies de veados das regiões boreais e temperadas: alce, corço, wapiti, veado-vermelho, veado-sika, gamo, veado-de-cauda-branca, veado-mula, caribu e rena. A sua análise de 218 artigos resume as tendências gerais dos efeitos das alterações climáticas na fisiologia, no comportamento e na dinâmica das populações destes animais.

As alterações climáticas afectam os veados de várias formas

Com o aumento global das temperaturas, os invernos mais amenos parecem ser vantajosos para muitas populações de veados: gastam menos energia para se manterem quentes e conseguem encontrar alimentos mais facilmente. No entanto, para as espécies que vivem em climas mais frios, como a rena ou o caribu, as variações de temperatura no inverno podem fazer com que a neve derreta e volte a congelar, cobrindo a vegetação sob uma camada de gelo que torna inacessíveis os líquenes de que estes animais normalmente se alimentam.

Do mesmo modo, verões mais quentes e secos podem exceder as tolerâncias fisiológicas das populações de veados, principalmente devido ao stress térmico e aos parasitas. A curto prazo, a condição física dos animais pode deteriorar-se; a longo prazo, algumas espécies podem tender a deslocar-se mais para norte, o que alterará a sua distribuição. Isto já está a acontecer com o alce, a maior espécie de veado e a que melhor se adapta a climas frios. Os alces são bastante sensíveis ao calor e as populações localizadas mais a sul, como no sul da Escandinávia, são mais afectadas pelas alterações climáticas e podem desaparecer dessas zonas.

Foto:Vecteezy

Algumas espécies de veados podem ultrapassar estes problemas procurando refúgio em habitats mais frescos e reduzindo as suas actividades diárias durante as horas mais quentes. No entanto, estas respostas podem afetar negativamente a dinâmica das populações a longo prazo. Quando os alces e os corços são sujeitos a stress, a sua massa corporal diminui. À medida que os animais ficam mais pequenos, pode haver repercussões nas gerações seguintes, incluindo um menor crescimento da população.

Por último, as temperaturas mais quentes da primavera e do outono reduzem a cobertura e a profundidade da neve, o que altera o período de migração e as rotas dos caribus e dos veados. Os animais começam a migrar mais cedo na primavera e mais tarde no outono; com o tempo, estas espécies poderão deixar de migrar.

Esta análise fornece uma síntese da forma como os veados reagem às condições climáticas, tanto atualmente como no futuro. Os cientistas também identificaram várias áreas para investigação futura, incluindo o potencial impacto dos fenómenos meteorológicos extremos, do tipo de neve e de Outonos mais húmidos nos veados. Estas descobertas devem também ajudar os gestores da vida selvagem, das florestas e dos parques a compreender melhor como as populações de veados podem reagir às condições climáticas futuras e a adaptar as suas estratégias de gestão das populações para proteger estes animais.

Pode ver o artigo original aqui

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